Entrevista de Marconi a O Popular, ressentido e inventando respostas na hora, mostra que ele deixou de ser o Marconi propositivo que ganhou 4 eleições, mas jogou no lixo esse capital político
Existem dois Marconis Perillos. Um, o que ganhou quatro eleições para o governo de Goiás e uma para senador, sempre manejando com perícia os instrumentos da política e sobretudo se apresentando melhor que os adversários, com propostas consistentes para Goiás e as goianas e os goianos. Esse é o Marconi vitorioso, que não existe mais. No lugar, apareceu um outro Marconi, que só olha para o passado e tem o espírito consumido pelo ressentimento que nutre por aqueles que julga responsáveis pela sua derrocada, a qual, deveria reconhecer com humildade, foi ele mesmo que cavou, mais ninguém.
Marconi não consegue se livrar de 2018. Acha que “tomaram” o seu mandato de senador, como se dele já fosse proprietário antes da manifestação das urnas. Enxerga culpados atrás de cada rocha, considerando-se vítima de uma conspiração. Afff… Isso não honra a sua antiga inteligência, quando engolia opositores às carradas e era tido como um semideus da política estadual. Agora, perdeu a agilidade mental e o faro para a política de resultados. Até a sua imagem, gordo, mostra o quanto está desatualizado e lento para agir de acordo com os novos parâmetros da realidade histórica de Goiás. Vejam a foto de O Popular: esse não é ele. Não pode ser.
A entrevista desta semana é mais um desastre em uma sequência interminável de muitos. Não há uma palavra sobre propostas para Goiás, a não ser voltar atrás, recuar no tempo ao que os seus governos fizeram, projetos que foram bem-sucedidos na época de antanho (sim, no mundo de hoje meia hora já define o que é velho), porém hoje provavelmente não funcionariam mais a contento porque caminha-se é para a frente, em um constante processo de mutação felizmente para melhor. De ré, quem anda é caranguejo.
Falar mal dos prefeitos que estão migrando para a base do governo também é um erro grave. Ninguém, nunca na história de Goiás, abusou tanto dessa estratégia quanto Marconi. Essa era, digamos assim, uma especialidade do ex-governador. Conquistar prefeitos foi o forte dos seus quatro mandatos, característica marcante que ele deveria reconhecer para evitar uma contradição que, surpreendentemente, O Popular cobrou, obtendo uma resposta pífia e inconsistente. De resto, prefeitos para cá e para lá servem para propaganda, não para determinar o resultado de eleições.
Marconi, nesse ritmo, nunca ressurgirá. Nem mesmo se, eventualmente, for eleito para algum mandato no Congresso, que é o que restou para ele depois que perdeu o perfil majoritário. Embarcando em equívocos e beliscando oportunidades aleatórias aqui e acolá, sem uma visão de futuro para Goiás, jamais se recuperará, reduzindo-se ao diminuto círculo de bajuladores que o cerca e mantém a sua cegueira. Ele acostumou-se a isso como governador, caiu por isso e não se mostra disposto a se libertar dessa prisão.