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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

31 mar

Mendanha termina enfraquecido a busca mal sucedida por um partido de expressão mínima: Patriota é solução desmoralizante que confirma a candidatura como aventura inconsequente

Foi desastroso o desfecho da busca desesperada de Gustavo Mendanha por um partido de expressão mínima para sustentar a sua candidatura ao governo do Estado. Ele foi obrigado a optar pelo Patriota, um partido nanico que só existe em Goiás em uma pasta debaixo do braço do marqueteiro Jorcelino Braga – sem nenhum compromisso com qualquer boa prática da política e totalmente desinteressado em um projeto alternativo de poder para oferecer para as goianas e goianos, a não ser a realização de birras pessoais, tanto do complicado Braga quanto do inconsequente Mendanha.

Que Estado é esse onde Braga é dirigente partidário habilitado a dar entrevista de página a O Popular e Mendanha candidato a governador? É difícil entender. O que vai ser resolvido em outubro, com as urnas, tem a ver com o futuro de Goiás e não com picuinhas e baixos instintos pessoais. Braga foi primeiro-ministro do governo Alcides Rodrigues, que terminou em uma das maiores calamidades administrativas da história, sem legado e sem uma marca para identificar a sua passagem. Destaca-se na vida pública pelas inimizades que pautam a sua orientação política, como a raiva que nutre em relação ao ex-governador Marconi Perillo. Mendanha é um tolo que se acredita tocado por Deus e com quem alega conversar nas madrugadas indormidas, predestinado a cuidar do “povo goiano”, assim como, segundo a sua mulher Mayara, Davi foi escolhido rei por um desígnio divino, nesse caso para defender o “povo de Israel”, conforme o Antigo Testamento.

Em política, o que vale são fatos. Deus não entra nesse terreno de baixarias profanas. E essas são piormente cruéis com Mendanha. Nenhum partido de porte o quis nem muito menos qualquer liderança de conteúdo estadual se alinhou à sua candidatura, hoje resumida ao apoio de Max Menezes, que acabou de assumir na Assembleia como 1º suplente do MDB, e do Prof. Alcides, um milionário do ensino superior mercantilizado que na política não passa de um empresário esperto e oportunista, rompido com o governador Ronaldo Caiado por não aceitar as mudanças introduzidas no programa da Bolsa Universitária – herdado aos cacos dos governos do PSDB e milagrosamente recuperado pela atual gestão.

Uma candidatura alimentada por insatisfações e ressentimentos nunca, em lugar algum, daria certo. Propostas, em disputas majoritárias, são cruciais. Mendanha, que subiu no salto alto com uma boa votação em Aparecida e caiu, não tem nenhuma. Pensem comigo, leitoras e leitores. Qual o significado que ele tem? Marconi Perillo em 1998 era ruptura e Ronaldo Caiado moralização em 2018. O autodeclarado “mito” de Aparecida correu atrás das rebarbas da política real e tentou montar uma estrutura, sem êxito. Mostrou-se frágil. Agora há pouco, em Aparecida, deu uma entrevista coletiva e posou para fotos ao lado de “personalidades” locais, que é o que tem graças à folha de pagamento da prefeitura. De importância, apenas Max Menezes e olha lá. Isso não gera conteúdo para um projeto político sério, que possa ser levado em consideração pelos quase cinco milhões de eleitores registrados em Goiás e que, em 40 anos de eleições, desde a redemocratização a partir de 1982, com a primeira vitória de Iris Rezende, nunca avalizaram um rumo que não fosse o melhor para o Estado. Nenhum dos governantes desse período chegou ao Palácio das Esmeraldas por partidos que não fossem de brilho solar, comprometidos com o futuro. Nanicos, tipo Patriota, nem pensar.

Esse Patriota, na verdade, foi uma humilhante derrota antecipada para Mendanha, consolidando a sua falta de sintonia com as expectativas sociais, que nada têm a ver com o “sonho”, como ele repetiu hoje pela manhã, de governar Goiás. O que é que cinco milhões de eleitores têm a ver com o que Mendanha sonha? E o que uma ficção política como o Patriota representa, a não ser o desvirtuamento do sistema partidário nacional, não passando de mais uma aberração montada para usufruir do milionário fundo à disposição das legendas inscritas na Justiça Eleitoral, ainda que através de fatia minúscula?

O Patriota de Jorcelino Braga e a candidatura de Mendanha são um acinte a Goiás. Mas assim é a democracia. Somos obrigados a tolerar. Se estiver dentro das regras, o “quadrado” a que frequentemente se alude o presidente Jair Bolsonaro, embora não cumpra, entra no jogo. Mas loucos e destrambelhados têm por todo lado. Não se pode fugir deles. A propósito, uma informação final: o deputado estadual Paulo Cezar Martins, primeiro apoiador de Mendanha, que deixou o MDB para se filiar ao PL, comprometendo-se com a candidatura do Major Vitor Hugo, está… refluindo novamente. Se Daniel Vilela aceitar, ele volta para o MDB e vai ao Palácio das Esmeraldas anunciar apoio a Caiado. A conversa já está rolando.