Sem visibilidade desde que deixou a prefeitura e em desvantagem diante de Caiado e Major Vitor Hugo, Mendanha apela para a campanha extemporânea – ilegal – para continuar aparecendo
Garantir uma boa visibilidade daqui até o início do período legal de campanha é o desafio dos candidatos majoritários em Goiás, mas, para o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, trata-se de um verdadeiro drama. O governador Ronaldo Caiado não precisa fazer nada, a não ser usufruir naturalmente da exposição pública assegurada pelo seu cargo, que, é bom lembrar, é avassalador, já que se trata de um chefe de Executivo cujas ações diárias repercutem na vida de milhões de goianas e goianos. O deputado federal Major Vitor Hugo, embora em menor proporção, também tem alguma projeção, conforme a agilidade que conseguir imprimir ao exercício do seu mandato.
O caso de Mendanha é diferente. Ao deixar a prefeitura, ele desapareceu do palco. Fora as redes sociais, ele não tem nenhum instrumento para despontar nos meios de comunicação e mesmo no corpo a corpo, pelo menos massivamente. Simplesmente deixou de existir. Esperneando, ele acha que encontrou a saída ao tentar de aproveitar da leniência dos órgãos fiscalizadores como o Ministério Público Eleitoral e a própria Justiça Eleitoral, lançando-se a uma campanha extemporânea ostensiva – como fez ao promover uma carreata em Iporá e ao participar de um “showmício” em Aparecida, por conta da prefeitura, com palco e artistas sertanejos, a pretexto de comemorar os 32 anos do bairro Jardim Tiradentes.
Imaginem só, leitoras e leitores: Aparecida tem 250 bairros, pouco mais, pouco menos. Festejar o aniversário de alguns, com eventos festivos pagos por verbas públicas, seria uma agenda e tanto para qualquer candidato a governador, levando-se em consideração que se trata do segundo maior eleitorado do Estado. Na verdade, o que houve foi uma irresponsabilidade cavalar do prefeito Vilmar Mariano, buscando criar plateia para o seu antecessor em um bairro que os próprios moradores consideram como um dos mais abandonados do município, com as ruas esburacadas, postes com as lâmpadas queimadas, mato alto e lixo acumulado em lotes baldios, que servem também para descartar material de demolição. O dinheiro da “comemoração” teria sido muito mais bem aplicado no atendimento dessas demandas, que irritam quem habita o setor há anos e anos.
Em Iporá, a carreata foi pior por não ter nenhuma justificativa, a não ser a antecipação ilegal de campanha. Na caçamba de uma pickup, o que é proibido pelo Código Nacional de Trânsito, Mendanha desfilou, acompanhado apenas pela esposa Mayara, acenando para escassos moradores atônitos com a figura desconhecida que tentava chamar a sua atenção. Nove veículos acompanhavam o cortejo, melhor dizendo, o féretro.
Dá para entender o desespero de Mendanha. Ele sumiu da mídia e, nas redes sociais, pelas quais é apaixonado, corre o risco de postar imagens e registros da sua movimentação e assim fornecer provas das suas infrações à legislação eleitoral. Enquanto isso, Caiado domina o noticiário, já que é governador, e Major Vitor Hugo dá os seus pulos, na condição de deputado. Os dois evitam exageros. Caiado, por isso mesmo, deixou de comparecer aos mutirões do governo do Estado, que atraem multidões, eliminando o risco de denúncias – exatamente o contrário do que Mendanha está fazendo, com o gravame de que, em Aparecida, recebe a cobertura do prefeito Vilmar Mariano, acumpliciados os dois na mesma prática eleitoral irregular.
Está na cara: confiando na cegueira do Ministério Público Eleitoral e da Justiça Eleitoral.