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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

04 jun

Aprovação de Caiado mostra que a reeleição é viável, com pontos fortes como segurança pública, ajuda maciça aos pobres, valorização da Educação e, apanágio de tudo, a recuperação fiscal do Estado

O cenário para as eleições estaduais está praticamente definido, afora surpresas de última hora, que não podem ser consideradas, por ora, porque surpresas não se preveem. O governador Ronaldo Caiado, montado em uma aprovação espetacular que oscila entre 55 e 62%, vai para a reeleição enfrentando uma oposição debilitada e consumida por uma fragmentação simplesmente incontornável entre o deputado federal Major Vitor Hugo e o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, com o ex-governador Marconi Perillo correndo por fora.

O cruzamento entre os índices positivos da avaliação de Caiado com os seus percentuais de intenção de voto comprova que o governador é um candidato potencialmente a caminho da vitória. Isso é mérito dos êxitos alcançados pela sua gestão: o antigo Caiado defensor do agronegócio permanece vivo, mas surgiu um novo, que faz o governo que trouxe a paz social para Goiás e reduziu drasticamente todos os índices de criminalidade, implantou os programas sociais mais consistentes da história do Estado, a favor dos pobres, e promoveu uma inacreditável recuperação fiscal, com o fim do desequilíbrio entre receitas e despesas que levou todos os governos anteriores ao naufrágio, no final das contas.

Isso é muito para um candidato, muito mesmo. Mas não é só. O cenário que se desenha para a eleição também favorece Caiado. Dos seus três hipotéticos adversários, dois parecem inviabilizados desde já, o coitado do Mendanha por não ter uma identificação sólida com algum tipo de proposta alternativa para o futuro de Goiás nem com nada e Marconi pela sua monumental rejeição, se tiver peito para se lançar na corrida pelo Palácio das Esmeraldas, o que dificilmente fará. Além disso, um e outro estão condenados à desidratação em razão da candidatura do Major Vitor Hugo. Atenção, leitoras e leitores: não desprezem o Major, por ora com números pífios nas pesquisas. A base bolsonarista é forte em Goiás, deu uma vitória acachapante para o presidente sobre o petista Fernando Haddad em 2018 e, aos poucos, vai empalmar Vitor Hugo. Menos do que 10% ele não terá jamais, mas também não passará de 15%, votos que vai tirar de Mendanha e, se botar a cara, de Marconi, não de Caiado, conforme explico a seguir.

Major Vitor Hugo tende a ocupar o 2º lugar e não vai demorar. Seria mais rápido se ele se lançasse a uma pré-campanha menos tímida, mas algo o segura. Dizem que instituições nacionais do agronegócio pressionam Bolsonaro para desistir dessa aventura e fechar apoio a quem tem tradição na história do ruralismo, no caso, o governador. De qualquer modo, fora Caiado, beneficiado pela visibilidade natural do cargo de governador, nenhum outro postulantes tem conseguido aparecer o suficiente para se tornar mais conhecido e escalar nas pesquisas. Aqui vem o mais importante: parte do bolsonarismo estadual fica com Caiado, atendido pelo seu perfil ideológico, como as forças do agronegócio, por exemplo, e, inacreditavelmente, grande parcela do eleitorado que escolhe Lula também ficará, em razão da amplitude dos programas sociais do governo do Estado, nenhum deles prometidos na campanha de 2018, mas hoje uma caracterização forte do atual mandato. É uma conjunção rara, que deixa o governador em uma posição privilegiada, para azar dos seus adversários.