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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 jun

O que absolve políticos condenados pelas urnas e por escândalos é tempo e vitória – sem nenhum dos dois, Marconi, se disputar eleição majoritária agora, correrá o risco de desaparecer para sempre

Políticos que naufragam nas urnas, em especial sob o impacto de escândalos de corrupção, ainda assim podem muito bem voltar ao jogo, mas dependendo de dois fatores cruciais: tempo e vitória. Ou seja, precisam da passagem dos anos para contar com a diluição dos seus desgastes e, para fechar a equação, necessitam vencer novas eleições. É isso que o ex-governador Marconi Perillo deveria observar para decidir sobre o seu futuro próximo, que passa pelas eleições deste ano, se é que não esqueceu o que aprendeu ao longo da sua carreira política.

O roteiro para a sobrevivência de Marconi e o seu retorno ao palco principal da luta pelo poder em Goiás está desenhado. Candidata-se a deputado federal, elege-se com alguma facilidade, vai para o Congresso Nacional onde tem cacife para se enfiar nas articulações qualificadas da política federal, rearruma-se de lá para cá e, em 2026, quando duas vagas para o Senado estarão disponíveis, apresenta-se com grandes chances à disputa por uma delas. A depender do desempenho que mostrará nos próximos quatro anos, poderia até ambicionar a corrida pelo governo do Estado, opção, no entanto, que desde já prevista como mais viável para 2030. Pressa, nesse caso, é inimiga.

Os bajuladores que cercam Marconi o querem candidato a governador já, é óbvio que para atender ao desespero que experimentam sem as benesses a que se acostumaram durante os 20 anos de mandonismo tucano – em que o ex-governador em alguns momentos foi alçado à condição de semideus e cometeu o erro de acreditar nessa imprudência. Não era e o resultado foi o que se viu em 2018, com a amargura do 5º lugar para o Senado, pior ainda se isolados os votos da região metropolitana, onde ele ficou em 6º, atrás até de Agenor Mariano. Além disso, ocorreram os acontecimentos policiais e ele foi colhido por uma tempestade perfeita, de cujos efeitos, apenas quatro anos depois, está longe de ter se livrado.

Em princípio, dada a rejeição que acumulou e que só se dissolverá, como dito no parágrafo inicial, com tempo e vitória, Marconi é um candidato frágil e vulnerável tanto para o governo quanto para senador. Seus infortúnios ainda são recentes, estão na memória do povo e daqui para ali ressurgirão, com a força dos questionamentos que serão lançados pelos adversários. Será, disparado, a maior vidraça da campanha. Derrotado, só restará dizer adeus para a política porque até mesmo os aduladores de hoje sumirão. O ex-governador é sabido. Por ora, aproveita a visibilidade oferecida pelas pesquisas que o cogitam para as duas vagas majoritárias sob decisão em 2 de outubro. Se acreditar nessa miragem, vai acabar se aposentando como consultor da Companhia Siderúrgica Nacional.