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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 jul

Saiu a pesquisa Serpes e nesta, leitora e leitor, você pode acreditar, porém na interpretação que O Popular deu, não, porque houve desonestidade editorial

Depois de praticamente seis meses, saiu a segunda pesquisa Serpes sobre a sucessão em Goiás, a única em que se pode acreditar plenamente, dada a credibilidade do instituto, a correção da sua metodologia e percentual de 100% de acertos em eleições passadas. Não houve surpresas: o governador Ronaldo Caiado lidera com uma folga que corresponde ao dobro das intenções de voto em relação a Gustavo Mendanha e muito mais do que isso quanto a hipotética candidatura de Marconi Perillo. Vitor Hugo e Wolmir Amado não existem.

Certo, certíssimo. É o que se esperava entre os especialistas e no meio político. Por isso, causou espanto a interpretação que O Popular deu para os números. Segundo o jornal da família Câmara, que nunca gerou um único profissional do ramo em mais de 80 anos de presença no Estado, “Caiado lidera, mas quase não avança”, em alusão comparativa aos índices parecidos da primeira pesquisa Serpes, publicada no início de janeiro. Ocorre que qualquer editoria minimamente séria e responsável teria publicado que “Caiado lidera e pode vencer no 1º turno”. Ou então “Caiado mantém a frente e pode vencer no 1º turno”. Sim, porque a soma de votos válidos do governador alcança 49,3%, faltando, portanto, casas decimais ínfimas para liquidar a fatura logo na primeira etapa da eleição. Em uma linha escondida, o texto da matéria respira fundo e admite a contragosto que a possibilidade existe, deixando no ar que se trataria de um desfecho distante e jogando na lata de lixo a revelação mais crucial e importante da pesquisa, optando por insinuar uma prejudicial estagnação, em vez de realçar a a confortável estabilidade, que não foi nem sequer cogitada por esse delírio jornalístico.

Trata-se de uma façanha e tanto a de Caiado, que O Popular trocou por um “quase não avança”, em um esforço para desviar a atenção dos seus assinantes e desmerecer o resultado. O governador está a um passo de liquidar a fatura no 1º turno, bastando conquistar uma ninharia de votos para bater essa meta. E ele está devidamente aparelhado para isso: reuniu a maior coligação de partidos e uma coleção de apoios de excelência, terá quase a metade do horário gratuito de propaganda política no rádio e televisão e, não bastasse tanto, ainda se beneficia da notável exposição proporcionada naturalmente pelo cargo que ocupa. Faz, de resto, um bom governo e mantém incólume a sua biografia imaculada e a conhecida intransigência com a corrupção.

Vigora, na redação de O Popular, uma doutrina não escrita rezando que, em época de eleições, tudo deve ser feito para fortalecer a exaltar a oposição. Seria, na cabeça dessa gente, uma espécie de compromisso democrático. Em seus tempos de fastígio, o então governador Marconi Perillo foi a vítima preferencial dessa jurisprudência jornalística equivocada que agora persegue Caiado. Não tem sentido e é desonestamente editorial porque, em última análise, acaba deturpando a realidade, papel que não de lícito a um veículo de comunicação que se pretende qualificado – ao qual caberia priorizar a verdade, nada mais que a verdade, e não interferir no processo político a favor de A ou B.