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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

18 jul

Horário gratuito no rádio e TV é o principal instrumento de massificação de candidaturas: oposicionistas não terão tempo suficiente para fazer um marketing razoável

Os resultados da segunda pesquisa Serpes, divulgada no último fim de semana, confirmaram as tendências reveladas até aqui pelo processo pré-eleitoral em Goiás e expuseram, para os candidatos de oposição, um quadro de dificuldades que se agravará a partir do início do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão – a principal ferramenta de massificação disponível para qualquer campanha, desde que se disponha de uma fatia de tempo satisfatória para fazer um proselitismo minimamente convincente.

A menos que conquistem novos partidos – e esses não parecem disponíveis no mercado político estadual, já comprometidos em sua maioria com a reeleição do governador Ronaldo Caiado -, oposicionistas como o ex-governador Marconi Perillo, se realmente confirmar a sua candidatura ao Palácio das Esmeraldas, o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha e o deputado federal Major Vitor Hugo dificilmente conseguirão mais do que um minuto de programa em cada bloco do TRE, no horário do almoço e no do jantar, com inserções de 30 segundos durante todo o dia também escassas, no máximo três ou quatro para cada um.

Tudo isso será oficializado pela Justiça Eleitoral do Estado de Goiás no dia 12 de agosto, duas semanas antes do início do palanque eletrônico, a 26 de agosto, data em que será anunciada a divisão do tempo de rádio e TV. Mas, desde já, é possível adiantar: será com uma curta exposição na telinha que, a vigorar as coligações partidárias ora articuladas, cada oposicionista tentará fazer o básico do marketing eleitoral em audiovisual: se apresentar, formular uma visão de futuro para Goiás, criticar os antagonistas e se defender das eventuais críticas. Isso, para Mendanha e Vitor Hugo, desconhecidos da grande maioria do eleitorado goiano, seria indispensável e fundamental, nem tanto para Marconi. De qualquer forma, improvável para qualquer um deles conseguir em um espaço de tempo tão diminuto quanto o minuto, no máximo, que um por um terão.

Wolmir Amado, pelo PT e levando a tiracolo o PSB, deverá chegar a mais de dois minutos. É que a distribuição do horário gratuito é feita conforme o tamanho das bancadas partidárias na Câmara Federal no início da atual Legislatura, em 2018. O número de parlamentares petistas, naquela época, era maior. No caso do PL do Major Vitor e do Republicanos de Mendanha, bem menor do que hoje. Quanto ao PSDB, mais ou menos igual. Nas contas que podem ser feitas desde já e, como dito, mantido o quadro de alianças entre os partidos, a vantagem para Caiado será monumental. A turma do contra vai aparecer muito pouco. Vai ser difícil produzir uma reversão das expectativas.

Vale repetir: essa é a realidade projetada a partir dos dados de agora, que ainda podem ter teoricamente alterados (caso, por exemplo, de uma eventual aliança entre o PSDB de Marconi e o PT de Lula, com a exclusão da candidatura do ex-reitor Wolmir Amado).