Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

05 dez

O respeito que Caiado infunde entre os aliados da sua base

Ao contrário de 2018, quando se elegeu com uma pequena base de partidos e de políticos, na eleição deste ano o governador Ronaldo Caiado conquistou o segundo mandato com uma aliança muito mais ampla – e de certa forma ficou devendo alguma retribuição aos parceiros.

Por retribuição, leia-se: cargos na nova gestão.

Isso é o que os hoje numerosos correligionários do governador pensam e esperam. Ocorre que Caiado é um político diferenciado. Tem sempre os seus objetivos bem definidos dentro da cabeça, não articula por baixo do pano, sabe aonde quer chegar e não faz, em qualquer hipótese, compromissos com espaços no poder, preservando acima de tudo a incolumidade da sua estratégioa administrativa. Mesmo assim, eventualmente cede um espaço aqui, outro acolá, como fez quando entregou o Detran ao Podemos de Eduardo Machado. Mas nada de forma sistemática, como acontecia no passado.

Nos tempos de Iris Rezende, Maguito Vilela e Marconi Perillo partidos e políticos iam ao gabinete do governador para bater na mesa e exigir a acomodação dos seus interesses (de novo, aqui, leia-se: cargos). Com raras exceções, conseguiam sempre o desejado. Surgiu dessa tradição uma regra: quem participa da campanha, vai para a gestão, ainda que a prejudicando, em muitos casos.

Caiado, no entanto, subverteu essa lógica. Agora é que vem o melhor: ninguém tem coragem para reclamar, face a imensa autoridade moral do governador. O respeito é tamanho que simplesmente não há ousados o suficiente para sequer sugerir contrapartidas pelo apoio dado durante a campanha. Resta torcer e aguardar por um  chamamento, que só virá a critério único e exclusivo de Caiado.