Marconi, tal como Iris depois de 2 derrotas, precisa achar um novo “patamar”
Quando é derrotado em uma eleição, ou duas, ainda por cima de forma massacrante, um político precisa se reinventar e procurar um novo patamar, claro, mais baixo que o anterior, para tentar uma ressurreição – e não há exemplo maior, em Goiás, do que Iris Rezende, ao perder para o governo do Estado em 1998 e em seguida para o Senado em 2002.
Iris, depois de 16 anos de fastígio, beijou a lona. Pior ainda: em meio a denúncias de corrupção, dentre as quais o caso Caixego foi a cereja podre do bolo mofado. Humildemente, recuou para a insignificante presidência estadual do então PMDB, viajou pelos municípios para reuniões com os gatos pingados que restaram ao partido e voltou, dois anos depois, para disputar a prefeitura de Goiânia e… vencer.
Sim, venceu, porém ao custo de engolir um novo “patamar”: além de um piso municipal, as eleitoras e os eleitores de Goiás nada mais lhe dariam, como se viu. Tentou o governo do Estado em 2010 e 2014 e recebeu um não na cara. Enquanto isso, quantas vezes se candidatou a prefeito da capital, tantas vezes ganhou. Mas daí não passou, até morrer.
O Iris de hoje é o ex-governador Marconi Perillo. Igualmente, duas derrotas, igualmente depois de atravessar a política estadual por 20 anos como um semideus, igualmente a mesma falta de perspectivas, que o velho cacique emedebista superou rebaixando-se de nível e se circunscrevendo politicamente a Goiânia. Uma saída fora do radar para Marconi, que tem seus maiores índices de rejeição justamente no colégio eleitoral que foi a reserva salvadora para Iris.
Se quiser sobreviver e garantir um futuro, o tucano-mor de um partido reduzido à nulidade em Goiás como o PSDB carece de encontrar o seu novo “patamar”, como fez Iris. Não adianta perseguir a antiga e extinta grandeza, ao contrário da decisão de deixar de disputar nas eleições deste ano um mandato na Câmara Federal e vaidosamente se lançar a uma candidatura aventureira ao Senado, apenas para acrescentar mais um fiasco a um currículo de revezes.
O problema, ao contrário de Iris na mesma situação, é que são escassas as alternativas para atender as fantasiosas expectativas alimentadas por Marconi sobre ele próprio, resistindo a esquecer as glórias de antanho. É urgente uma boa dose de humildade para recomeçar, como procedeu Iris.