As cartas dos leitores de O Popular e o desgaste diário de Rogério Cruz
Dia sim, no outro também, O Popular publica uma, duas, três e em uma certa edição até cinco reportagens negativas para o prefeito de Goiânia Rogério Cruz. Assunto não falta: serviços municipais ineficazes, lixo não recolhido, licitações suspeitas, crise com vereadores, entra e sai de secretários, inoperância administrativa, cestas básicas estocadas e se deteriorando, nomeações de parentes, buracos nas ruas e avenidas, inundações agora que as chuvas se intensificaram e por aí afora, em uma lista interminável de problemas e desafios que o prefeito e a prefeitura não consegue enfrentar adequadamente.
Como dito: assunto não falta.
É um massacre renovado a cada 24 horas. Mas, para Rogério Cruz, nada dói mais que as cartas dos leitores que O Popular estampa diariamente. São textos curtos, escritos por pessoas do povo sem os freios e os cuidados naturais de um jornalista quando produz uma matéria qualquer. Esse profissional é técnico e obedece a critérios. Os leitores, não. Costumam dizer o que lhes dá na telha. Reclamam da má condução da cidade, apontando para situações microdefinidas, que acabam projetadas para o geral. E aí o prefeito desce ao inferno.
Quando Marconi Perillo foi governador, em todas as quatro vezes, nada o incomodava tanto quanto as cartas dos leitores de O Popular. Suas equipes de comunicação contavam com um departamento especializado em formular respostas imediatas, na tentativa de amenizar um dano de imagem que avaliava-se como profundo, muito mais que as notícias institucionais, mesmo negativas, das páginas normais do jornal – submetidas a filtros não observados nas manifestações espontâneas dos leitores.