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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 dez

Delúbio Soares está de volta, na Netflix e disfarçado de Olavo Noleto no governo Lula 3

Ora, ora, quem diria: o velho e impagável Delúbio Soares está de volta. Um dos símbolos mais reluzentes dos escândalos de corrupção nos governos petistas, astro do mensalão e do petrolão, ele submergiu após sair da cadeia (graças a um ótimo trabalho do advogado Pedro Paulo Medeiros, hoje um dos mais respeitados criminalistas do país) e deu a impressão de que, enfim, estaria aposentado da sua brilhante carreira de operador de esquemas à margem da lei.

Delúbio não apareceu nem na campanha de Lula, que foi dura e mobilizou os quadros petistas de boa e má linhagem. Na semana passada, um documentário lançado pela Netflix sobre a história da Varig trouxe essa velha personagem de volta, mostrado, ao lado de outra figura tenebrosa do PT, Sílvio Pereira, extorquindo dinheiro da empresa aérea para a campanha de Lula em 2002. Diante da negativa, sob o argumento dos executivos de que a companhia estava em dificuldades e não tinha recursos para doar, Delúbio se levanta, tira uma nota de R$ 10 reais do bolso e joga na mesa, dizendo: “Então aqui está uma contribuição para ajudar no caixa da Varig”.

Segundo o documentário, lançado pela Brasil Paralelo (sim, é uma produtora bolsonarista, mas o vídeo tem um estofo jornalístico de alta qualidade, repleto de depoimentos de credibilidade indiscutível), a Varig tornou-se persona no grata para os governos de Lula e da sua sucessora Dilma Roussef e acabou quebrando em 2006 sem o socorro governamental que, na época, a TAM, por exemplo, mereceu em generosas doses (o então comandante Rolim foi o maior provedor de recursos para Lula na campanha de 2022, diga-se de passagem).

Esse é Delúbio. E esse é o PT. Admitamos: Delúbio segue incógnito, sem dar as caras. Aprendeu a lição e concluiu ser melhor agir nos bastidores. Assim, o seu braço estará presente no governo Lula através da indicação de Olavo Noleto para secretário executivo de Articulação Institucional, um Ministério operacional dentro do Palácio do Planalto, com tentáculos estendidos sobre todo o governo federal. Posição parecida, aliás, à que Noleto teve no governo Dilma Roussef, igualmente patrocinado pelo amigo a quem serve fiel e lealmente: sozinho, o novo secretário não chegaria a lugar nenhum. Como preposto de Delúbio, irá longe.