Sobram mediadores e articuladores para ajudar nas boas relações entre Caiado e Lula
Há um número expressivo de mediadores e articuladores à espera do momento de entrar em campo para ajudar a sedimentar um bom relacionamento entre o governador Ronaldo Caiado e o presidente Lula, os dois posicionados política e ideologicamente em aparente antagonismo, mesmo assim muito mais identificados do que se imagina. Por exemplo, nas convicções democráticas e na defesa dos programas sociais como prioridade para os seus governos.
Vamos começar de cima para baixo, ou seja, por Brasília e depois conectar com Goiás. O União Brasil, partido de Caiado, tem três cadeiras no ministério de Lula: Daniela de Souza Carneiro (“Daniela do Waguinho”) no Turismo; Juscelino Filho, nas Comunicações; e o ex-governador Waldez Góes, do Amapá, do PDT, porém indicado pelo senador Davi Alcolumbre, do União Brasil, para a a pasta da Integração Nacional. Waldez, inclusive, vai se filiar ao UB.
O MDB, partido do vice-governador Daniel Vilela, também ganhou três ministérios: Planejamento, com a ex-senadora Simone Tebet; Transportes, com o senador Renan Filho; e Cidades, com Jáder Barbalho Filho. São seis ministros, portanto, aos quais Caiado, diretamente, ou por interpostos representantes, terá acesso, todos do seu relacionamento pessoal em algum grau de intensidade (talvez Daniela do Waguinho seja a menos conhecida do governador), ainda a conferir.
Vale lembrar, quanto a ministra Simone Tebet: ela tem como baluarte da candidatura presidencial e aliado de primeira hora o presidente nacional do MDB Baleia Rossi, que, por sua vez é amigo do peito de Daniel Vilela – foi ele quem indicou o emedebista goiano, quando cumpriu mandato na Câmara Federal, para a presidência da mais importante comissão da Casa, a de Constituição e Justiça.
Acrescente-se a esses ministros dois goianos em cargos ministeriais de importância: o ex-deputado federal Elias Vaz na Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e o novo secretário-executivo de Relações Institucionais Olavo Noleto, abaixo apenas, hierarquicamente, do ministro Alexandre Padilha, com gabinete no Palácio do Planalto. Vaz é do PSB e Noleto do PT. Um e outro já declararam publicamente apostar em um clima de entendimento republicano entre Caiado e Lula, comprometendo-se a atuar para aprofundar as parcerias entre Goiás e a União.
Tem mais. O deputado estadual Antônio Gomide, do PT, que discursou em nome da oposição na cerimônia de posse de Caiado no segundo mandato, colocou a bancada petista na Assembleia e a estrutura da sigla em Goiás para colaborar com o encaminhamento dos pleitos de Goiás junto ao governo Lula.
De resto, toda a bancada federal goiana vai marcar presença para aproximar o governador e o presidente. Rubens Otoni, do PT, externou com clareza a sua opinião a favor. Somente o deputado Gustavo Gayer, cegado pela guerra ideológica bolsonarista, não se incorporará a esse esforço – nem teria como. No Senado, Vanderlan Cardoso e Wilder Morais estarão alinhados, apesar de bolsonaristas, mas detentores do peso da cadeira na mais alta Câmara Legislativa do país. Jorge Kajuru, pouca valía terá, porque é um parlamentar sem preocupação com uma repercussão administrativa do seu mandato.
Na prática, Caiado vai precisar muito pouco de todo esse apoio para se afinar com Lula. É óbvio, contudo, que não dispensará ninguém. Em duas décadas de atuação no Congresso, foi uma das maiores vozes contra o PT e Lula, mas tem – ele e Lula – consciência de que recaem sobre os seus ombros responsabilidades muito além do debate político e dizem respeito aos cuidados devidos à população, em especial a mais vulnerável.