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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

03 jan

José Eliton e Lincoln Tejota, 2 vices que não deram certo, por motivos diferentes

Vice, em qualquer instância de poder, é o cargo mais difícil da política. Enquanto uns se dão brilhantemente bem, outros deixam o mandato transformados em pandarecos.

Os dois últimos que passaram pelo governo de Goiás são um exemplo de mau desempenho, com desdobramentos destrutivos para as suas carreiras. Um é José Eliton, que saiu da obscuridade de uma atividade profissional como advogado eleitoralista para acompanhar Marconi Perillo de 2011 a 2018, ou seja, por dois mandatos.

No primeiro, foi bancado pelo então deputado federal Ronaldo Caiado. Afastou-se do padrinho e tentou uma aventura própria. Ocupou secretarias decisivas, como a de Segurança Pública e a de Desenvolvimento, sem conseguir criar uma marca. Assumiu o governo com a renúncia de Marconi em 2018 (para disputar o Senado) e foi candidato à reeleição, terminando em terceiro lugar, com uma ninharia de votos. Hoje, é lembrado como coveiro do PSDB em Goiás e, por que não?, do marconismo.

Zé, apelido adotado na fracassada campanha para o Palácio das Esmeraldas, foi um vice-governador de presença, ativo, cumpridor de missões. Teve força, enfim, embora, no final das contas não tenha servido para nada, por um motivo simples: carência de estofo político e falta de empenho em o adquirir, preferindo se impor de cima para baixo pela autoridade em vez de buscar aceitação.

Veio depois Lincoln Tejota, uma surpresa na época e hoje visto como um companheiro de chapa que não acrescentou absolutamente nada à candidatura de Ronaldo Caiado em 2018. Sem noção do peso do cargo, foi para a extremidade oposta à de Zé Eliton, carregando nas costas a canga de vice mais inexpressivo desde a redemocratização e a volta das eleições para governador, em 1982.

Tão fraco que sequer logrou permanecer da chapa da reeleição de Caiado. Vices, normalmente, seguem na mesma posição quando os titulares buscam um novo mandato, até mesmo pelo potencial de crise que representam caso sejam preteridos. Alcides Rodrigues, um zero à esquerda, foi mantido (e voou alto, elegendo-se governador na sequência).

É no que deram um vice forte demais e um vice fraco em excesso. A lição está aí para Daniel Vilela.