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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

26 jan

O batalhão de forças especiais do Exército, quase secreto, que agora descobriu-se instalado em Goiânia

A crise militar envolvendo o governo Lula e as Forças Armadas trouxe à luz a existência em Goiânia de um batalhão de ações e comando do Exército Brasileiro, altamente especializado em contra-insurreição, antiterrorismo e, em tempos de guerra, convencional ou não, equipado com armamento de última geração e pronto para manobras de sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões – tudo isso na selva ou em centros urbanos.

É o 1º BAC – Batalhão de Ações e Comando, herdeiro do quartel no Jardim Guanabara onde antigamente foram sediados o 10º BC – Batalhão de Caçadores e o 42º BIM – Batalhão de Infantaria Motorizada, ambos, a propósito, com atuação na repressão durante a ditadura dos generais e até com registros de mortes por tortura em suas dependências.

Não que a presença de um dispositivo militar de tamanha importância em Goiânia, a menos de 200 quilômetros de Brasília, tenha sido ocultada ou mantida sob sigilo. Ocorre que nunca se chamou atenção para esse fato, mesmo com o pelotão contando no seu currículo com operações contra grupos milicianos no Haiti ou de enfrentamento a guerrilheiros das FARCs colombianas infiltrados na Amazônia (em um confronto com tropas em sua maioria do 1º BAC, por volta do ano 2000, 12 deles perderam a vida sem que um só brasileiro se ferisse).

O efetivo das forças especiais acantonadas em Goiânia é sigiloso. Suas armas, leves e pesadas, idem, mas todas geralmente móveis. Há uma profusão de snipers, técnicos em explosivos e paraquedistas – muitos goianos. Por ano, sete mil interessados de todo o país se inscrevem no processo seletivo da guarnição. Menos de 120 conseguem aprovação. E, sim, os soldados usam uniformes camuflados, carregam mochilas pesadas com munição e suprimentos de sobrevivência e pintam o rosto com graxa preta. Eles chegam, eliminam a ameaça e vão embora. Coisa de cinema.