Um único buraco significa a má conservação de toda a malha viária? Não é bem assim
De vez em quando, circulam vídeos mostrando trechos esburacados de rodovias e carros e caminhões trafegando com dificuldade. Costuma ser o suficiente para decretar uma eventual má conservação da malha viária e que o governo, portanto, falhou. Isso tornou-se comum em Goiás desde a massificação dos celulares com câmeras de qualidade. Mas não passa de uma avaliação demagógica, tremendamente superficial e, sobretudo, injusta. Politiqueira, enfim, tanto que segue presente nas redes sociais dos poucos opositores que sobraram contra o governador Ronaldo Caiado.
A partir de uma pequena parte, não se pode qualificar o todo. O falecido diretor de Jornalismo da Organização Jaime Câmara, Luiz Fernando Rocha Lima, o Nando, orientou durante anos o noticiário dos veículos da empresa com base em um mantra parecido: se um único doente deixava de ser atendido em um hospital público, toda a rede estadual de Saúde estaria em crise. Um, somente. Essa teoria bizarra atazanou a vida do então governador Marconi Perillo, nos mandatos iniciados em 2011.
Nando falhou com a objetividade jornalística, muito embora sob um viés de radicalismo humanista, o de pressionar midiaticamente por soluções a favor de quem depende do SUS. Boa intenção, sem dúvidas. Em um mundo ideal, não deveria haver nem pacientes não socorridos nem crateras nas estradas. No entanto, sempre haverá. E em circunstâncias inúmeras e variadas que nenhum governo será capaz um dia de antecipar e resolver.
Em um e outro casos, o que a racionalidade e a inteligência impõem é a existência de estratégias administrativas em andamento para melhorar tanto os hospitais quanto as rodovias, em caráter permanente e não como programas apenas provisórios ou emergenciais. É isso que deve ser cobrado e é disso que o saudoso Nando se esqueceu, na sua época.