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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

23 mar

Sem humildade e um mea culpa, Marconi jamais retornará

A visão sobre si próprio do ex-governador Marconi Perillo, acreditando-se perseguido pelo Ministério Público e pelo governador Ronaldo Caiado, daí ter experimentado injustamente, segundo imagina, os revezes de 2018 e de 2022, é mais um erro grave na trajetória de equívocos do tucano desde quando apeado do poder pelo voto popular.

Marconi caiu porque o seu significado se esvaziou. Ele foi deposto pelo… povo. Deixou de ser o destemido moço da camisa azul e se transformou em mais do mesmo da velha política. Não se renovou. Meteu na cabeça ser dono de um legado, traduzido nos feitos dos quatro mandatos no Palácio das Esmeraldas. Se isso existiu um dia, não existe mais. As realizações dos 16 anos de governo foram superadas pelo que Ronaldo Caiado fez em quatro. Assim é a vida: os governos se sucedem e avançam, como a própria história avança.

Um exemplo: os programas sociais. Para o ex-governador, essa seria a praia das suas gestões. Só que hoje as propostas de Caiado para a área de solidariedade são suficientes para apagar completamente a lembrança da Renda Cidadã, cheques isso e aquilo, Bolsa Universitária e seja mais o que for. Predominam agora o Mães de Goiás, o Aluguel Social, o Universitários do Bem, o NutriBem e mais duas dezenas de mecanismos de apoio para as famílias de baixa renda. A roda girou.

Deixemos de lado, portanto, esse tal de “legado”. Esse lenga-lenga não vai ressuscitar Marconi, por ora tão morto quanto Iris Rezende e Maguito Vilela. Achando-se ainda dono da bola, não irá a lugar nenhum. Iris e Maguito, derrotados em eleições majoritárias estaduais, voltaram assumidamente submissos à vontade popular, propondo-se modestamente a usar o que tinham de experiência para administrar Goiânia e Aparecida. Deu certo.

Marconi se enxerga acima de tudo isso. Seu círculo íntimo o estimula a seguir sonhando que é o mesmo semideus dos anos de fastígio. Disseram a ele, no ano passado, que teria 500 mil votos caso candidato a deputado federal e que, por isso, seria preferível concorrer ao Senado. Deu no que deu.

Continua faltando um mea culpa e uma demonstração de humildade. O que Iris e Maguito sinalizaram ao abandonar a política estadual e descer para a municipal. Uma fonte deste blog definiu o que aconteceu com o ex-governador: a inteligência foi abduzida da sua cabeça e do seu círculo íntimo. Marconi acaba de dizer que jamais será candidato a prefeito. Ou seja: julga-se muito acima dessas pequenezas. Prefere ficar flutuando até 2026 como uma alma penada.