Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

28 mar

O que difere Bruno Peixoto dos seus antecessores na Assembleia

Historicamente, os presidentes da Assembleia se sucedem em Goiás com uma característica comum muito forte: alinham-se ao governante de plantão no Palácio das Esmeraldas, garantindo a aprovação dos seus projetos e interesses diante da necessidade de aval do Poder Legislativo, enquanto, por outro lado, desfiam um discurso de autonomia e independência – apenas retórica, sem efeito real.

Vários presidentes gostavam de se chamar de fiadores da governabilidade, uma palavra bonita e complicada que, no fundo e nada mais, significa submissão parlamentar ao Executivo. Mas não é uma concepção negativa, ao contrário. Trata-se apenas do exercício impositivo da maioria, regra de ouro dos regimes democráticos e do Estado de Direito em qualquer parte do mundo e igualmente em Goiás.

Lissauer Vieira, o presidente anterior a Bruno Peixoto, passou quatro anos no comando da Assembleia assegurando ao governador Ronaldo Caiado a ratificação plena das matérias de iniciativa do Palácio das Esmeraldas. Todas, sem exceção, até mesmo a polêmica taxação do agronegócio, setor da economia ao qual Lissauer se revela abertamente vinculado (e a propósito votou contra, sem, no entanto, usar a sua autoridade institucional para criar qualquer obstáculo). Ele foi um exemplo dessa postura ambígua ao combinar a certeza de apoio legislativo com uma eloquente defesa da soberania dos deputados.

 

 

Em que ponto Bruno Peixoto se diferencia desse comportamento? Resposta: ao agir com transparência, fundamentado objetivamente em duas palavras: parceria e aliança. Ele, desde a colocação da sua candidatura, nunca trilhou outro caminho. A Assembleia é parceira e aliada de Caiado, entende e diz. Como, se há uma bancada oposicionista? Ora, de acordo com o explicado nos parágrafos anteriores: pela regra cidadã expressa na superioridade numérica da maioria. Formalmente, trata-se de um Poder independente, sim. Politicamente, não, no final das contas, já que, dominado pela base governista, acompanha sem ressalvas as decisões do chefe do Executivo. Isso aqui e pelo planeta afora, com exceção de onde um governante não consegue formar maioria.

Simples assim. E é um passo adiante, o do atual presidente da Assembleia, ao tirar a máscara vestida pelos seus predecessores. Jogar às claras valoriza o processo político. Bruno é Caiado e está no exercício do cargo a serviço desse relacionamento, sem disfarces. Não há fórmula de governabilidade mais poderosa e funcional do que essa.