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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

18 abr

Cristiane Schmidt foi grande: ninguém jamais se saiu tão bem na Secretaria da Fazenda

A economista Cristiane Schmidt foi embora, depois de mais de quatro anos como titular da área fazendária do governo do Estado. E deixando um legado sem comparação com os seus antecessores, quaisquer que sejam os critérios e seja qual for a época: um equilíbrio financeiro inédito, com as despesas abaixo da receita, a dívida domada e um fantástico caixa de R$ 11 bilhões.

R$ 11 bilhões? Sim. É um espanto. Qual governador de Goiás contou com uma margem de recursos tão significativa como essa, em moeda corrente, para tocar a gestão? Nenhum. Nem mesmo procedendo-se a uma atualização de valores. Todos os governantes do passado trabalharam administrando a escassez dos seus cofres.

Não à toa, a ex-secretária é dona de um invejável currículo acadêmico. Tem até livros publicados. É séria e responsável até o último fio das suas mechas loiras. Tornou-se respeitada e admirada pela equipe de uma pasta na qual a maioria é de servidores efetivos, corporativistas, arrecadadores cegos e em muitos casos de visão retrógrada. Ela, não. Apesar de acusada de privilegiar o ajuste fiscal, Cristiane Schmidt esteve muito acima dessa definição simplória: na verdade, entendeu que finanças em boa situação são a chave para um governo realizador em matéria de políticas públicas.

Uma predecessora na Fazenda, Ana Carla Abrão Costa, quis deixar como legado uma esdrúxula Lei estadual de Responsabilidade Fiscal. Não conseguiu e isso não tem importância, pois seria apenas papel sem valor. A secretária de Caiado, sem esses arroubos, acabou fazendo mais para valorizar a responsabilidade fiscal – não só no Estado, mas em termos de país – pela força do exemplo. É por isso que nunca houve alguém de preparo e qualificação tão grandes como Cristiane Schmidt – e tão bem-sucedida – na direção financeira do Estado. E dificilmente haverá.