PT foi contra a “taxa do agro”, no maior equívoco da história estadual do partido
Agora que a “taxa do agro” está consolidada com o julgamento favorável do Supremo Tribunal Federal, vale lembrar que o PT goiano foi contra – seus deputados, na Assembleia, Adriana Accorsi, Antônio Gomide e Bia de Lima ficaram do lado dos produtores rurais.
Dá para imaginar, leitoras e leitores. Petistas defendendo o setor mais bolsonarista da sociedade, a turma da fazenda. Talvez um dos maiores equívocos da história do partido em Goiás. Talvez, não. Foi. Não há nada mais difícil de entender, quanto ao PT estadual, que a postura dos seus parlamentares a favor de uma classe que simplesmente tem horror de de gente que eles acham que são “subversivos”. Aliás, não tem como “entender”.
Vamos conferir, aqui, as avaliações do professor da UFG Tadeu Arrais(foto a seguir), que não é nenhum direitista, longe disso, em uma antológica entrevista ao Jornal Opção. Atenção: é alguém da esquerda falando sobre esquerdistas, o que só aumenta a credibilidade.
Leiam quatro tópicos da fala do professor ao Jornal Opção:
1) “A aprovação da taxa do agro talvez tenha sido o evento mais significativo da política goiana nos últimos tempos. Sem dúvida, a iniciativa vem de um governo conservador – não sou eu quem digo, é o próprio Caiado. Outra questão: é um governo conservador que chama sua própria base, que é o agronegócio, para contribuir. Um setor que tem em si uma retórica de sofrer uma carga tributária alta e o governador fala ‘vocês têm de contribuir com isso’. E então, consegue criar a taxa do agro”.
2) “O fato é que se impõe uma lógica sobre um setor que cresceu bastante, que é muito importante – embora seja mais importante na renda geral do que na geração de emprego. Esse arranjo, segundo uma simulação simples que chegamos a fazer com os alunos, daria em torno de R$ 770 milhões de receita ao ano. Porém, quando começaram os debates sobre a proposta, de um governo conservador, repito, vieram as surpresas. Entre elas, a de o próprio PT ser contra ela. É algo que não é fácil de entender”.
3) “Eu cheguei a ver uma entrevista da então deputada Adriana Accorsi, em que ela dizia que o projeto não teria sido discutido nos detalhes, algo assim. Mas era desculpa pura. Quem, na esquerda, dirá que não é preciso aumentar impostos em determinados setores? Vamos falar, por exemplo, do passivo ambiental desses setores. Então, por que o PT votou contra?”.
4) “Foi uma ação correta do governador Ronaldo Caiado. Mas o que estranha é não haver uma visão, por assim dizer, mais equilibrada do momento político do país. Imagine se todo Estado fizesse isso. Por isso mesmo, não entendi muito bem certas posições. Se todos os Estados fizessem o mesmo que Goiás propôs na questão da taxa do agro, teríamos, em tese, governos mais solventes, com recursos vindos de um setor que tem a dar, até porque recebe muito também”.
Precisa dizer mais alguma coisa? Não. O PT goiano traiu o seu compromisso popular ao votar contra a “taxa do agro”. E os motivos reais ainda precisam aparecer.