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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

04 maio

Caiado com Daniel, Daniel com Mendanha… está provado que política é olhar para a frente

O governador em exercício Daniel Vilela fez questão receber o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha como seu primeiro ato oficial no cargo. Importante. Prova que política é olhar para a frente e que os desvãos do passado devem ser esquecidos. Soma para Daniel ao mostrar amadurecimento e sobreposição de interesses maiores sobre questões pessoais.

O atual vice será candidato ao Palácio das Esmeraldas em 2026, representando a mais poderosa base partidária do Estado. Será apoiado por um governador como Ronaldo Caiado, tudo indica na conclusão de uma gestão repleta de méritos, com elevado índice de aprovação – no momento, rondando os 70%, a depender do instituto, pouco mais, pouco menos. As chances de vitória serão esmagadoras.

Mas isso daqui a quatro anos. Por enquanto, o necessário é a construção de alicerces sólidos para o futuro, por um lado, e esvaziar o quanto possível a concorrência, por outro. Essa estratégia é padrão em casos como o de Daniel Vilela. Na verdade, Caiado fez isso ao se preparar para a sua reeleição, ainda em 2021. Antecipadamente, procurou o MDB e entregou a vaga de vice na sua chapa para o partido. Lógico, o nome certo era o de Daniel. Negócio fechado, consumava-se uma das maiores manobras da política estadual em todos os tempos, com reflexos até hoje na aniquilação da oposição – não existe neste instante em Goiás, como definiu o cientista político Luiz Signates, “qualquer contraponto crítico à administração”.

Daniel Vilela segue por esse caminho. Mendanha ainda alimenta veleidades, como a de que tem um patrimônio eleitoral e a de que esse é um capital a ser obrigatoriamente respeitado em 2026. Bobagem. Deveria calçar as sandálias da humildade e parar com essa conversa mole de ter convites de partidos e de aspirar a uma disputa majoritária lá na frente. Entender, enfim, que o atalho tomado em 2022 terminou em desastre e que, sozinho, não chegará a lugar algum.

Mesmo com essas condicionantes, a aproximação com Daniel Vilela e com o governo avança bem. Dá para perceber, em meio à sua injustificada húbris, um Mendanha menos pretensioso. Deixa escapar, nas declarações ainda arrogantes, estar pronto para uma composição mais ampla, desde que preservado por um discurso de não-rendição, porém assumindo sem compromisso uma secretaria no governo – a da Indústria & Comércio está redonda para ele e seria uma oportunidade excepcional para provar que não é um político paroquial. Daniel, enquanto isso, só cresce.