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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

06 maio

Entenda por que Mendanha está voltando ao MDB e pode parar na equipe de Caiado

Protagonismo. A volta do ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha ao MDB e a sua quase certa inclusão no secretariado do governador Ronaldo Caiado tem nesta palavra – protagonismo – a justificativa correta. É uma espécie de correção de rumo, de retorno aos trilhos de uma carreira política bem-sucedida, mas lançada à beira do abismo em razão de um passo equivocado.

Mendanha aprendeu da pior maneira o que políticos experientes já nascem sabendo: projetos políticos solitários nunca dão em nada. Ele se candidatou ao governo do Estado sem partidos de expressão mínima e sem aliados importantes. Montou uma chapa fraquíssima, com um vice (Heuler Cruvinel) e um aspirante ao Senado (João Campos) absolutamente desconhecidos da maioria do eleitorado. O único partido razoavelmente de peso ao seu lado foi o Republicanos, infelizmente, para ele, rachado: a maioria dos seus membros preferiu abrir uma dissidência e apoiar a reeleição de Caiado.

Resultado inevitável: derrota. Ah, argumenta o ex-prefeito, “tive mais de 20% dos votos e, portanto, constituí um patrimônio político”. Esqueçam isso, leitoras e leitores. Em pleitos majoritários, as escolhas sempre são influenciadas por fatores além do perfil dos candidatos. Parte dos votos, assim, não são deles. Vêm da rejeição a outros candidatos ou das variáveis conjunturais do momento, como a onda bolsonarista que elegeu Wilder Morais senador, ou disso ou daquilo.

Na verdade, Mendanha parece ter extraído as lições necessárias do baque eleitoral de 2022: 1) sem um consórcio de legendas de primeira grandeza, não se vai a lugar algum, 2) sem a companhia de lideranças robustas, menos ainda e 3) sem estrutura apropriada, ou seja, recursos para gastar à vontade, e sem um bom tempo na propaganda gratuita de rádio e TV, aí é que jamais alguém chegará a um cargo tão elevado como o de governador de Goiás.

Ao colocar tudo isso na balança, o aparecidense ainda entendeu – ou deveria – que o veredito negativo das urnas o deixou em um limbo. Perdeu o poder e vive isolado em Aparecida, envolvido por um ambiente político mesquinho e provinciano. Se quiser qualquer coisa da prefeitura, é obrigado a se humilhar ante o seu sucessor Vilmar Mariano. Alega ter convites de partidos como o PSD e o PL, mesma conversa prévia ao seu confinamento final no nanico Patriota para viabilizar juridicamente a candidatura ao Palácio das Esmeraldas. Uma situação, enfim, perto de desesperadora.

Única solução à vista: refiliar-se ao MDB, aceitar uma função na equipe de Caiado (a Secretaria da Indústria & Comércio está redonda para ele) e voltar a ter protagonismo, trabalhando produtivamente como agente público – e, vejam bem, mostrando competência para despontar, porque o palco estadual tem muito mais exigências que a paróquia municipal de onde, apesar até de ter disputado a governadoria, na realidade ainda não saiu. É o que resta para Mendanha, se se livrar das suas prejudiciais veleidades e calçar as sandálias da humildade.