Com 44% dos votos em 2022, Caiado é o principal cabo eleitoral em Goiânia
Dois cabos eleitorais de peso chamam a atenção desde já como influenciadores possíveis para as eleições do ano vindouro em Goiânia: um, o governador Ronaldo Caiado, com os seus 44% dos votos goianienses na busca vitoriosa pela reeleição em 2022, outro o presidente Lula, este com números bem abaixo, na faixa dos 35% tanto no 1º quanto no 2º turnos, um desempenho pífio.
Caiado tem um mérito de valor inestimável: inverteu uma tradição de mais de 40 anos, período em que raramente um governador alcançou um bom resultado nas urnas da capital. Iris Rezende e Marconi Perillo, fora do poder, tiveram maioria em Goiânia. No entanto, se saíram muito mal quando apoiaram candidatos a prefeito invariavelmente derrotados. Aliás, Caiado, no seu primeiro teste, em 2020, também viu o nome do seu gosto, o senador Vanderlan Cardoso, fulminado no mano a mano com Maguito Vilela, aparentemente confirmando a costumeira indisposição do eleitorado goianiense com o poder de plantão.
Esse cenário mudou. Um dos motivos é o sucesso da política de segurança pública, ao reduzir drasticamente os índices de criminalidades em todo o Estado, mas com efeitos marcantes nos seus maiores centros urbanos. Sacar dinheiro no caixa eletrônico ou falar ao celular na calçada deixaram de ser ações temerárias e arriscadas. Antes, os governantes diziam ser esse um desafio insolúvel, decorrente das desigualdades inerentes ao Brasil. Caiado desmoralizou esse ponto de vista e provou que, sim, a paz social pode ser conquistada sem que, antes, se resolvam as injustiças latentes da sociedade.
Pelo sim, pelo não, o governador é bem-visto em Goiânia. Muito bem-visto, pelo que atestam os boletins do TRE quanto a sua reeleição em 2022. Por isso, deduz-se que a sua presença na campanha de um ou de outro candidato pode ser decisiva no páreo pela prefeitura daqui a menos de um ano e meio. Qual candidato? A avaliação corrente, no momento, é a de que o escolhido seria o prefeito Rogério Cruz (por gratidão, já que Cruz abriu dissidência no Republicanos para ficar a favor da recondução de Caiado), a menos… a menos que o MDB venha a lançar a filha de Iris Rezende, Ana Paula, existindo aqui também, em dose ampliada, uma reciprocidade quanto a apoio crucial de Iris nos pleitos majoritários disputados pelo governador.
E Lula? Esse é um mantra furado do PT. Além de piormente votado em Goiás, de um modo geral, o presidente nunca teve tração eleitoral no Estado, mesmo porque nunca disfarçou a falta de interesse em ver bem-sucedidos os candidatos do seu partido ou aliados. Sempre se limitou a um videozinho e ponto final. Piorando as coisas, Lula transformou-se em uma liderança envelhecida e détraqué, vivendo dentro de uma realidade paralela em que o passado é arrastado para o presente, com resultados desastrosos, um deles a contratação de uma economia em crise – talvez até uma recessão – até 2025.
Cabo eleitoral negativo, Lula, portanto, deve atrapalhar. Ainda mais em um Estado bolsonarista, onde o destrambelhado capitão ganhou suas duas eleições de cabo a rabo e ganhou bem. Sem sintonia com o novo Brasil, o presidente se resume hoje a uma sucessão de erros. Se antes não teve importância em eleições em Goiás, não será agora, em 2024, que terá. Sobra para Caiado, à vontade em um quadro onde inexistem grandes eleitores para fazer sombra a ele. Quem o tiver na corrida pela cadeira número um do Paço Municipal largará em vantagem.