Sucesso popular das escolas militares em Goiás constrange a esquerda
Para começo de conversa, há um equívoco quando alguém da esquerda critica a “militarização” do ensino nas escolas hoje administradas pela Polícia Militar em Goiás. Educacionalmente, os padrões são os mesmos da pedagogia adotada em toda a rede estadual, sem a mínima alteração. A diferenciação está na disciplina: uniformes, ordem unida antes de adentrar as salas de aula, regras de conduta pessoal, rigor com as tarefas de casa, exercícios físicos, civilidade com professores e colegas e por aí afora. As famílias dos estratos menos privilegiados da classe média adoram.
Fato é que o modelo dos chamados “colégios militares’, no momento adotado em quase 80 unidades supervisionadas pela Secretaria estadual de Educação, é um sucesso. Não há vagas suficientes para cobrir a demanda e a consequência são processos seletivos disputadíssimos. Pais e mães anseiam matricular seus filhos. Prédios meticulosamente limpos, sem pixações ou depredações. Drogas, nem sonhando. No ranking do IDEB, algumas despontam os primeiros lugares. Na prática, trata-se de um bolsão de qualidade dentro da estrutura de mais de 600 instituições de ensino médio mantidas pelo governo de Goiás.
O presidente Lula acabou com a cobertura federal para esses estabelecimentos, lançada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro – as escolas cívico-militares. Um erro. Podem escrever: perdeu apoio popular por essa medida, de resto inócua. Dez Estados, imediatamente, anunciaram que vão manter o programa, inclusive o governador Ronaldo Caiado, com reflexos para a sua candidatura presidencial (junto ao público conservador). Lula perdeu tempo e trabalho.
Marconi Perillo foi quem implantou a ideia em Goiás. Timidamente, no entanto. Publicamente, não falava no assunto, receoso dos ataques que partiam principalmente de petistas. Nas campanhas que enfrentou, abriu mão de usar como trunfo. Caiado, de peito aberto, deslanchou e mais do que duplicou o quantitativo. No momento, mais 10 estão a caminho. Há políticos da base governista, como o deputado federal José Nelto, capazes de propor que todas as unidades dos bairros periféricos, em todas as grandes cidades goianas, sejam entregues ao comando (como se viu, dividido com a SEDUC) da Polícia Militar. Não se espantem, leitoras e leitores, pode acontecer – e sob os aplausos da população.