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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

06 mar

Falta só a posição de Caiado para definir o cenário em Aparecida

Praticamente todas as personagens de importância já se definiram quanto a montagem do cenário das eleições municipais deste ano em Aparecida, com exceção do mais importante: o governador Ronaldo Caiado. Tendo priorizado neste início de ano a agenda nacional, com vistas a sua candidatura presidencial, Caiado se concentrou até agora em movimentos como a tomada da presidência do União Brasil para o aliado Antônio Rueda e a participação do ato “pro-democracia” promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo.

Nos próximos dias, no entanto, o governador não tem como evitar se envolver em decisões sobre o representante da base governista na corrida pelas prefeituras de centros urbanos de importância extremada como Goiânia, Aparecida e Anápolis. O imbróglio maior está em Aparecida, segundo maior contingente de eleitoras e de eleitores em Goiás. E lá a casa caiu, ou seja, o rompimento entre o ex-prefeito Gustavo Mendanha e o atual Vilmar Mariano parece ter chegado ao um ponto de não retorno.

Isso significa que pode haver um racha entre as forças no momento alinhadas com o Palácio das Esmeraldas. Mendanha já comunicou o vice-governador Daniel Vilela de que não vai apoiar Vilmarzim e esse, por sua vez, reagiu marcando data para dar ciência a Caiado – provavelmente nesta quarta, 6, ainda – do seu desligamento do MDB para disputar a reeleição por outro partido qualquer. Um interlocutor credenciado captou em Daniel, enquanto isso, a predisposição para ficar com Mendanha – cujo potencial político garante a condição de cabo eleitoral número um em Aparecida, com capacidade de transferência de votos comprovada na faixa dos 35%. Vilmarzim, em companhia do deputado estadual e seu guru Veter Martins, se lançaria por conta própria ou, não enxergando um caminho, poderia se engajar no palanque do Prof. Alcides, em retaliação. Já Mendanha e Daniel bancariam o ex-deputado federal e diretor de Operações do Detran Leandro Vilela, desde já incluído nas pesquisas e despontando em empate com Vilmarzim.

 

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O 1º lugar, como se sabe, pertence por ora ao deputado federal Prof. Alcides, do PL, oscilando entre monumentais 38 e 42%, a depender do instituto. É uma vantagem brutal, mas parece ter chegado cedo demais. Sustentar uma classificação tão privilegiada, com mais ou menos sete meses de campanha pela frente, é bem mais difícil, por exemplo, do que sair de onde estão Vilmarzim e Leandro e arrancar rumo à liderança. Prof. Alcides é considerado vulnerável pelos erros cometidos em pleitos passados (foi candidato a prefeito de Aparecida por duas vezes e perdeu) e pela sua já supostamente conhecida rejeição entre os evangélicos, um público capaz de pesar nas urnas locais.

Fora daí, será difícil aparecer uma surpresa. Quase impossível. O prazo para a distribuição de todas as peças no tabuleiro é 5 de abril, quando se encerra a janela para a transferência de domicílio eleitoral e de partido. É verdade que derradeiras tentativas de conciliação entre Mendanha e Vilmar Mariano ainda estão em curso. Contudo, sem qualquer sinalização de sucesso. Tudo indica que a eleição aparecidense vai ser por aí: Prof. Alcides, Vilmarzim e Leandro Vilela. Mas ainda a conferir.