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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

01 fev

Mendanha vai a bairro de Aparecida com Gracinha e sem Vilmarzim

Formalmente, o ex-prefeito de Aparecida e candidato derrotado a governador Gustavo Mendanha se divide pontualmente entre 2 respostas quando perguntado se vai apoiar a reeleição do seu sucessor Vilmar Mariano: às vezes, desconversa, apenas dizendo sim, tudo está certo, não há nada de diferente e que Vilmarzim é o seu candidato; em outras ocasiões, declara estar no aguardo de um crescimento de Vilmarzim nas pesquisas de intenções de voto, até agora não visto, com o adversário Prof. Alcides disparado no 1º lugar, em alguns levantamentos superando a barreira dos 40%, enquanto o prefeito segue patinando entre 12 a 14%, isso sem falar na baixa aprovação da sua gestão.

Mendanha não aparece mais ao lado de Vilmarzim. Não foi ao aniversário dele, aliás um desastre: o governador Ronaldo Caiado e o vice Daniel Vilela também não deram o ar da graça. Fora parentes e raros vereadores, só entoaram os parabéns pessoas desconhecidas e sem peso político. Daí em diante, em Aparecida, os comentários sobre o afastamento de Mendanha e seu desinteresse na reeleição de Vilmarzim acabaram inflados. É o cochicho da hora, alimentado pela falta de reação do prefeito. E novos fatos se sucedem, confirmando a existência de uma disrupção entre o ex e o atual donos da cadeira número 1 de Aparecida.

Nesta semana, novo evento – e muito significativo. Mendanha foi com a primeira-dama Gracinha Caiado ao bairro Rosa dos Ventos(vejam a foto), na zona próxima aos presídios, avaliado em um estudo do Gabinete estadual de Políticas Sociais como um dos mais carentes de Aparecida. Chegaram de helicóptero. Além de não ter sido convidado, Vilmarzim não foi sequer informado e só ficou sabendo da visita horas depois. Para piorar as coisas, Gracinha já havia acionado a prefeitura, depois de encaminhar uma cópia da compilação de dados sobre o setor Rosa dos Ventos e propor uma ação conjunta para reduzir a pobreza generalizada na região. Não aconteceu nada. A primeira-dama Sulnara Santana, secretária municipal de Assistência Social, ignorou o material. Vilmarzim, idem. O estudo foi esquecido, mas não por Gracinha, como prova o seu cuidado especial de procurar essas famílias aparecidenses em situação de vulnerabilidade e começar encaminhar o atendimento para todas elas.

Mendanha, mais uma vez, se posicionou como interlocutor privilegiado do Palácio das Esmeraldas em Aparecida. E ele o é, de fato, diante das repetidas demonstrações de apreço por parte de Caiado. Vilmarzim, enquanto isso, continua atolado em dificuldades para dar andamento à sua reeleição. Também nesta semana, participou de um desastrado encontro com os vereadores da sua base, quando supostamente prestaria contas e falaria de realizações para este ano. Dos 19 convidados, 2 não apareceram (Élio Bonsucesso e Fábio Ideal, alegando não ter interesse). E outros 2 (Edinho Carvalho e Aldivo Araújo) botaram para quebrar, batendo boca com o prefeito e o acusando de bancar a invasão das suas bases em benefício de secretários-candidatos a vereador, um tipo de conflito político em Aparecida mais velho que a Serra das Areias. Vilmarzim, de pavio curtíssimo, praticamente expulsou a ambos para fora da reunião, prontamente encerrada.

Afora tudo isso, o que esquenta a cabeça do prefeito é a suspeita da existência de uma má impressão de Caiado sobre o seu desempenho como gestor público. E que a candidatura do Prof. Alcides, ostensivamente bancada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, de certa forma dispõe de potencial para atrair a simpatia do governador. O raciocínio é simples: se Caiado tem interesse no suporte de Bolsonaro para a sua candidatura presidencial, por que não retribuir se declarando neutro ou mesmo se engajando na campanha do Prof., de resto hoje cercada por uma sólida expectativa de poder? Bolsonaro ficaria grato com o impulso à eleição de um candidato que mora no seu coração. Sem Mendanha, sem Caiado e como consequência sem Daniel Vilela, só restaria a Vilmarzim pegar o boné e ir cuidar do posto de gasolina que está terminando de construir.

 

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