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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

07 abr

Como e por que a eleição em Aparecida tornou-se tão importante quanto em Goiânia

A origem de tudo está em Maguito Vilela. Ao descer do pedestal de ex-governador e ex-senador para humildemente se apresentar ao eleitorado de Aparecida para administrar a cidade, conquistando com óbvia facilidade dois mandatos, Maguito foi extraordinariamente bem-sucedido ao elevar o status da antiga cidade dormitório de Goiânia e transformá-la em potência industrial estadual e referência política – de lá saindo, logo após, até mesmo um candidato ao Palácio das Esmeraldas que terminou o pleito em 2º lugar (Gustavo Mendanha). Sim, depois de Maguito, Aparecida estava fadada a nunca mais ser a mesma de antes.

Hoje, operam em estreita ligação com o município duas lideranças conectadas com o processo de mudança geracional da história de Goiás: Daniel Vilela e Mendanha. Daniel, filho de Maguito, disparou na frente, convertendo-se no favorito para as eleições de 2026, quando será escolhido o sucessor do governador Ronaldo Caiado. Mendanha assumiu um pódio como um nome estadualizado a partir da sua extraordinária aceitação popular em Aparecida e, tal e qual Daniel, parece beneficiado por expectativas de futuro. Ambos inacreditavelmente na faixa dos 40 anos de idade.

Detalhe importante em tudo isso: as aparecidenses e os aparecidenses constituem-se no 2º maior centro urbano do Estado. Bem trabalhada, é uma população com capacidade para eleger com folga deputados federais e estaduais. Muitos. Pode também influir decisivamente em um pleito majoritário. Isso traz projeção e importância. E foi exatamente o que desviou os olhos do noticiário político para o vaivém da montagem do cenário para as urnas deste ano em Aparecida, em alguns momentos com mais destaque do que Goiânia e infinitamente mais presente do que Anápolis, por exemplo.

 

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Um acidente de percurso chamou ainda mais atenção para Aparecida: a ascensão de um vice-prefeito, Vilmar Mariano, tido, sem trocadilho, como de baixa estatura para o cargo titular. Rapidamente, ele cedeu ao mundo das intrigas e rompeu tanto com Mendanha quanto, em menor grau, ao se afastar de Daniel. Pensou, por alguns instantes, dispor do cacife suficiente para um voo solo, independentemente dos dois. Filiado ao MDB, chegou a cogitar da insanidade de se mudar para um partido nanico, o PRD do marqueteiro Jorcelino Braga, para concorrer por conta própria à reeleição. A tempo, caiu em si e desistiu, não sem antes obter um acordo de sobrevivência provisória, mediante o qual assinou a ficha do União Brasil de Caiado e aceitou um desafio para subir em dois meses nas pesquisas o que não conseguiu em dois anos ou, conformado, renunciar à candidatura e evoluir para a apoiar o indicado de Daniel e Mendanha – como se sabe, o ex-deputado federal Leandro Vilela.

Fato: o prefeito que comandará Aparecida a partir de janeiro de 2025 terá influência – e grande – na subsequente disputa pelo governo do Estado, em 2026, quando nada pelo tamanho do colégio eleitoral. Como dito, se Daniel Vilela não tinha antagonistas, surgiu no seu caminho o senador Wilder Morais, automaticamente beneficiado caso o deputado federal Prof. Alcides venha a ganhar a cadeira na qual Vilmarzim hoje se assenta. Wilder e Alcides são do PL, a legenda embalada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, um trunfo e tanto em Goiás. No fundo, essa seria a motivação que levou Daniel-Mendanha à descrença com a reeleição de Mariano, mesmo porque, com esse eventualmente se saindo vitorioso mediante um milagre, não haveria confiança quanto ao seu respaldo lá na frente. O vaso se quebrou e não há como remendar os cacos.