Caiado amplia o discurso para universalizar a candidatura presidencial
Em um movimento destinado a ampliar as bases ideológicas e doutrinárias da sua candidatura a presidente da República em 2026, o governador Ronaldo Caiado passou a discutir a pauta econômica do país e a situar o aumento da inflação como resultado da crise fiscal em que o governo Lula está mergulhado. Lula gasta demais, aumentando a dívida pública para níveis escandalosos como alternativa para suprir a falta de arrecadação. Isso todo mundo sabe. E Caiado, que se afirmou como postulante ao Palácio do Planalto a partir do seu excepcional trabalho na segurança pública em Goiás, agora aproveita esse novo tema.
A redução drástica dos índices de criminalidade, maior façanha da gestão do governador goiano, cedeu a prevalência para a crise da economia. E a imprensa nacional reage abrindo generosos espaços para Caiado, que assim deixou de ser um pré-candidato monotemático, ou seja, de uma bandeira só.
As críticas de Caiado à política fiscal insana do governo petista começaram no início de 2024 quando, em abril, Lula mudou a meta de superavit fiscal para o ano, aumentando a tolerância com os seus limites. “É uma piada”, disse ele na época, “porque o arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos, já é desrespeitado e alterado no seu 1º ano, com o abandono da meta de superávit primário na base mínima de 0,5%”.
Daí em diante, progressivamente, Caiado aumentou o tom e a hoje fala com mais frequência nos efeitos deletérios, para a população, do comportamento pródigo do governo federal., E, a partir do momento em que o Banco Central foi obrigado a colocar a taxa de juros em trajetória de alta, com previsão de 15% para a Selic para este ano, o governador ficou mais à vontade, embalado pelo acerto das previsões que fez sobre o descalabro fiscal da gestão Lula.
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Prestes a lançar sua pré-candidatura presidencial, em um evento previsto para acontecer em fevereiro ou março em Salvador, capital da Bahia e maior reduto nacional do PT, Caiado vem intensificando os seus ataques. Desde dezembro e até este início de janeiro, já abordou a crise em grandes veículos da mídia brasileira como a Folha de S. Paulo e o Estadão, fazendo previsões que a maioria dos economistas define como destinadas a se concretizar – caso não se faça alguma coisa para conter o avanço da dívida pública e o desequilíbrio entre receitas e despesas que passou a ser a tônica da administração federal.
O governador fez uma ligação entre o descontrole fiscal e a agenda comemorativa desenvolvida em Brasília para marcar o 8 de janeiro, data dos eventos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, meio forçadamente associados a uma tentativa de golpe de Estado. “Já se passaram dois anos e o governo Lula só fez aumentar gastos. Reformas Estruturais, nem cogitou fazê-las”, disparou Caiado, complementando: “Lula ancorou o governo de 8 de janeiro. Como o assunto está sendo julgado pelo Supremo, ele ficou sem discurso e sem nenhuma entrega. O governo acabou no 2º ano”.
A condução da economia pelo governo Lula, portanto, se transformou no alvo principal de Caiado: “As decisões da atual gestão têm agravado os problemas do país, com risco de levar a uma recessão comparável à registrada no segundo mandato de Dilma Roussef”, avaliou durante uma entrevista ao Fantástico, da Rede Globo. Ele também acusou Lula de “terceirizar a culpa” e de deixar o país à deriva: “O governo Lula 3 está prestes a mergulhar o Brasil em uma recessão tão grave quanto a causada pela gestão Dilma 2, que resultou na perda de quase 4 milhões de empregos formais. Nossa dívida pública já se assemelha à de países em guerra, com o dólar disparando além dos patamares observados durante a pandemia”, afirmou Caiado, em mais uma declaração de repercussão nacional. Repercutiu. Essa é a nova toada do projeto presidencial do governador goiano.