Não há oposição a Caiado. Haverá candidato contra Daniel Vilela em 2026?
Preliminarmente, leitoras e leitores, a resposta correta à pergunta do título é: em 2026, haverá candidato ou candidatos disputando com o vice-governador Daniel Vilela, nome do peito do governador Ronaldo Caiado, mas provavelmente nenhum eleitoralmente viável, mesmo minimamente. Pela marcha da carruagem da política em Goiás, o desaparecimento da oposição em relação a Caiado deve resultar em uma eleição consagradora para Daniel, com o apoio de uma fabulosa frente partidária e as bênçãos do governador mais bem aprovado da história estadual, a quem, segundo pesquisas recentes a população reconhece o direito de ter um sucessor da sua confiança (74%, segundo levantamento da Genial/Quaest.
A oposição que não existe hoje existirá amanhã? Dificilmente. A avassaladora hegemonia conquistada por Caiado vai se refletir obrigatoriamente na corrida pelo Palácio das Esmeraldas, no ano vindouro, com Daniel Vilela na posição de franco favorito. O PL, quem sabe a legenda com possibilidades de montar um projeto alternativo para enfrentar os planos da base governista, caminha para privilegiar o páreo senatorial, por orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro, e com isso se agregar à chapa comandada pelo filho e herdeiro político de Maguito Vilela – escanteando a hipótese já frágil de lançamento do senador Wilder Morais. Wilder, coitado, não entusiasma, não lidera, não atrai ninguém, a começar pelo Jair. Sim, Bolsonaro tem muito mais interesse no futuro do seu pupilo vereador Vitor Hugo como postulante de confiança ao Senado do que em bancar ou estimular o milionário diletante empreiteiro dono da Orca.
Como as urnas de 2026 ainda se darão sob o signo da confrontação ideológica, Daniel Vilela dispensará da sua retaguarda as siglas de esquerda – em outras circunstâncias, ele as poderia ter ao seu lado, como o PT, por exemplo. Isso obrigará os petistas a entrar na parada com um representante, embora, seja quem for, mero figurante e reles escada para a campanha presidencial provavelmente de Lula, sem oferecer qualquer ameaça. Daqui para ali, com o PL na sua aliança e sem o menor motivo de preocupação com a esquerda, Daniel se apresentará quase que como um candidato único, encabeçando um rolo compressor em alta velocidade pela via pavimentada rumo ao trono número um da Praça Cívica.
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O que é a oposição em Goiás, no governo Caiado? Um zero à esquerda. Na Assembleia, foi comprada pela fartura de benesses que garante ao presidente Bruno Peixoto o controle dos 41 deputados, simbolizada pelas luxuosas SUVs pretas de R$ 400 mil reais, mais motoristas e combustível, entregues a cada parlamentar. Nem discurso – ou retórica – contra Caiado, se ouve lá. Falastrões destrambelhados como Major Araújo ou Paulo César Martins sequer abrem a boca. E, se não ocupa o espaço do debate parlamentar, onde mais a turma do contra se manifestaria? Em lugar nenhum. Desarticulada em último grau, que milagre criaria do nada uma oposição estruturada, capaz de contribuir com propostas e soluções para os grandes desafios do Estado, ressuscitando das cinzas para peitar 2026? Não vai acontecer e tudo caminha para uma situação inédita, em que o candidato a governador endossado por Caiado, após um passeio, irá para o abraço – e, no caso de Daniel Vilela, deflagrando uma mudança geracional e revolucionária para o poder governamental em Goiás.