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22 abr

Bruno Peixoto não será vice na chapa de Daniel Vilela nem que a vaca tussa: entenda por quê

A transformação da Assembleia Legislativa em um poder político elevado à potência máxima, mesmo às custas da sua credibilidade, ou seja, a partir de extravagâncias e de um conceito alargado de distribuição de benesses aos 41 deputados e aos seus apaniguados, colocou o seu presidente, Bruno Peixoto, no topo das especulações para a formação da chapa que vai concorrer ao governo do Estado sob a liderança do atual vice-governador e presidente estadual do MDB Daniel Vilela. Bruno, dentro dessa visão, acompanharia Daniel na condição de vice, carregando junto o seu cacife atual de pré-candidato a deputado estadual cotado para receber a fábula de 200 mil votos – e isso é real.

Mesmo assim, no entanto, as apostas nesse cenário, ou Bruno Peixoto na vice de Daniel Vilela, são fraquíssimas. Nem o próprio presidente da Assembleia parece acreditar. Falatório tem, mas não passa disso. Há motivos sólidos que se acumulam contra a indicação de Bruno para uma posição que vale ouro, já que Daniel concorrerá em 2026 como favorito. Sendo eleito, não poderá disputar a reeleição (porque já terá sido reeleito, uma vez que assumirá o Palácio das Esmeraldas naquele ano, com a anunciada desincompatibilização do titular Ronaldo Caiado para disputar a presidência da República). Quem for contemplado com a vice de Daniel, portanto, estará em uma situação privilegiada para, em 2030, chegar ao trono da Praça Cívica.

 

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Fora Caiado e Daniel, o terceiro político mais importante de Goiás, hoje, é Bruno Peixoto. Não há o que discutir. É ele e ponto final. Mas, surpreendentemente, a única certeza de futuro para Bruno é a corrida atrás de um mandato de deputado federal, vencida com antecedência, com chances de ser disparadamente o mais votado (graças à máquina eleitoral montada a partir da Assembleia). A vice-governadoria extrapolaria esse limite e o levaria à sucessão de Daniel Vilela. Simples assim? Não. Bruno tem duas fragilidades que amarram seus pés e suas mãos. Primeiro, não tem a confiança de Caiado, que o engole, mas já mostrou o que pensa dele ao vetá-lo para disputar a prefeitura de Goiânia no ano passado. E, segundo, como decorrência do item anterior, tornou-se um político excêntrico, amante da lacração nas redes sociais com fotos e vídeo exibindo músculos e barriga sarada, dançarino em festas interioranas e responsável por uma exposição negativa sem precedentes do Poder Legislativo em Goiás. Falta seriedade. E isso tem um preço e não é barato.

Por uma questão de lógica política e atração de votos, a chapa de Daniel Vilela em 2026 precisará mostrar um forte e intenso DNA caiadista. Essa exigência já apareceu na última pesquisa Genial/Quaest, que apontou 75% dos entrevistados enxergando nas mãos de Caiado o direito a um sucessor da sua confiança. É Daniel? Claro, ele é o escolhido do governador para se sentar na sua cadeira e não faltam pesquisas favoráveis mostrando que essa visão já se generalizou entre a população. Para enfatizar essa característica, a boa prática eleitoral recomenda que o vice seja ainda mais identificado com Caiado, algo do que Bruno Peixoto está longe, mas muito longe, até mesmo pela sua elasticidade gerencial e frouxidão administrativa – que o separam de Caiado como a água do óleo. É por isso que assistiremos daqui até o primeiro semestre do ano que vem a uma coreografia de associados e subprodutos do presidente da Assembleia, todos beneficiados pelos desvãos da Casa, declarando apoio e lançando o nome de Bruno para a vice de Daniel Vilela. Inutilmente, no entanto.