Genial/Quaest aponta “piso alto” para Daniel Vilela e “teto baixo” para Marconi. Entenda
Ainda adormecida, a sucessão do governador Ronaldo Caiado deu na última sexta, 22, um leve suspiro na direção de se tornar cada vez mais o centro das atenções da política em Goiás, a pouco mais de um ano para as eleições de 2026. A sacudida veio da divulgação de uma pesquisa Genial/Quaest, entre as mais credenciadas do país (equivalente ao trabalho do Datafolha), apontando o vice-governador Daniel Vilela (MDB-UNIÃO) em 1º lugar com 26% das intenções de voto, seguido pelo ex-governador Marconi Perillo (PSDB) na 2ª posição com 22%, em 3º o senador Wilder Morais (PL) e, por fim, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) com 8% (confira tabela da Globonews acima).
Mergulhando a fundo na pesquisa: a avaliação inicial é a de que, antes de mais nada, os números confirmam a supremacia eleitoral do conservadorismo no Estado, com três candidatos da centro-direita totalizando quase 60% das preferências do eleitorado face a uma esquerda confinada em no máximo 10% dessa soma (os restantes se dividem entre indecisos e nulos, por enquanto). Não é novidade, repetindo o que se viu nas últimas eleições em colégios eleitorais de peso como Goiânia e Aparecida, onde apenas representantes da direita tiveram votações expressivas e concorreram no 2º turno. Em um outro recorte, a Genial/Quaest consolida Goiás como o Estado de maior proporção de bolsonaristas (18%) e o 2º com mais pessoas de direita (26%), o que torna a combinação natural de ambos os grupos a principal força política regional.
Mas, é óbvio, nesse levantamento da Genial/Quaest, que o importante, está mesmo nos índices de Daniel Vilela e de Marconi Perillo. Dentro de uma visão estática, de fotografia do momento, os percentuais de cada um sugerem uma espécie de empate técnico (a margem de erro é de três pontos para mais ou para menos). Poderia ser, digamos assim, o surgimento de uma chance de ressurreição para o Marconi esmagado por duas derrotas sucessivas para o Senado, em 2018 e 2022? Calma, leitoras e leitores. Para azar do tucano a resposta é não. Da última pesquisa do instituto, seis meses atrás, para cá, Daniel saiu de 19 para 26%, ao passo que Marconi patinou de 21 para 22%. Um cresceu, o outro permaneceu estagnado, levando o cientista político e analista da Quaest Felipe Nunes a afirmar que “o ex-governador muito conhecido parece ter um teto e o vice-governador muito pouco conhecido parece ter um piso alto. E é aí que eles se encontram, um com piso alto, outro com teto baixo”. Atenção: a avaliação ganhou mais repercussão que a própria matemática da pesquisa. Inclusive porque, mais à frente, tudo isso pode convergir em uma nova tragédia eleitoral… para Marconi, provavelmente definitiva.
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Atrás dos dois – Daniel e Marconi – corre um Wilder Morais com possibilidades de escalar, embalado por um cabo eleitoral que tem ressonância em Goiás, Jair Bolsonaro. Mais que o Jair, o bolsonarismo como ideia popular exibe poder para dar algum impulso ao senador e o reposicionar em 2% lugar, aproveitando-se dos 18% de adeptos registrados pela Genial/Quaest no Estado. Mas é só isso. O cenário em perspectiva para 2026, assim, é até claro: 1) Daniel seguirá em ascensão embalado pelas suas qualidades pessoais, pela forte estrutura partidária que o respalda e especialmente pelo apoio do governador Ronaldo Caiado, em quem 73% enxergam o direito de fazer o sucessor, segundo a mesma pesquisa; 2) Wilder tende a uma certa inflada nas suas intenções de votos, porém resumido à influência bolsonarista, que, de resto, não tem motivo para recusar Daniel Vilela e vai desviar algum capital para ele; e 3) Marconi isolado, sem conseguir se livrar sua enorme rejeição (na casa dos 60%) e sem abonadores, daí sem contar com fundamentos eleitorais reais, vai acabar perdendo pontos, correndo o risco, na verdade, de disputar o 4º lugar com Adriana Accorsi ou com quem o PT lançar (a orientação do partido é para que os seus melhores quadros nos Estados busquem mandatos parlamentares). Há uma correlação dialética entre todas essas variáveis, beneficiando Daniel. Visto de hoje, é esse o panorama que está se abrindo para as urnas de 2026.