Zé Eliton tem “nojo” e condena o “passado patrimonialista”, mas nomeou Sérgio Cardoso, cunhado de Marconi, para um cargo de conselheiro de contas. Não tem nada mais patrimonialista que isso
Há poucos dias, o governador Zé Eliton fez um discurso condenando os “resquícios do passado patrimonialista da nação brasileira”. E aproveitou para criticar o uso político dos cargos públicos, algo que, garantiu, lhe daria “nojo”. O governador, já que puxou o punhal, deveria sangrar e denunciar à opinião pública quem são esses infames patrimonialistas que querem uma beirada do governo em troca de apoio.
Um desses patrimonialistas é bem conhecido: é o sr. Sérgio Cardoso, agora conselheiro de contas. Casado com uma irmã de Marconi Perillo, foi por longos anos, o conselheiro, o chefe do escalão precursor das campanhas temponovistas. E fora das campanhas, uma especie de ajudante civil de ordens, um auxiliar fac totum do governador Marconi.
Em seu primeiro dia de expediente, como governador, José Eliton remeteu à Assembleia Legislativa a indicação de Sérgio a uma vaga em tribunal de contas, que, como é cediço nos meios políticos, constitui-se em sinecura muitíssimo bem remunerada e vitalícia. Com uma única canetada, todo o belo e pomposo discurso sobre “patrimonialismo” se foi águas abaixo. Se queres um exemplo de patrimonialismo, olhai em torno…
Claro que Zé Eliton fez isso para atender a um pedido do amigo Marconi. Não ficava bem Marconi encerrar seus brilhantes 19 anos de governo com um favorecimento tão vulgar a alguém de sua casa. Que outro sujasse as mãos.
Mas, moralmente, Marconi é tão ou mais responsável por este deslize ético de Zé Eliton.(Helvécio Cardoso, jornalista)