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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

17 jun

Zé Eliton veste fantasia de “pai dos pobres” e repete discurso de Evita Perón falando aos “descamisados”, prometendo “cuidar com carinho daqueles que mais precisam”

“Agenda da solidariedade é a que mais me emociona. Este é um governo que olha pelas pessoas e coloca o bem comum em primeiro lugar”. A declaração é do governador Zé Eliton, em mais  um discurso em tom apaixonado na cidade de Cristalina, durante cerimônia em que entregou cartões da Renda Cidadã, que paga até R$ 100 reais por mês e pretende, com isso, significar algo como a emancipação econômica das pessoas beneficiadas.

 

Não é, porque, como se depreende, é muito pouco dinheiro. Mas ninguém recusa. E o governador vai em frente com o seu discurso de boas intenções e atenção aos pobres que lembra o de Evita Perón. Os “descamisados” argentinos, em Goiás, transformaram-se em “aqueles que mais precisam”, na retórica oficial, que promete cuidar deles “com carinho”.

 

“Vamos ajudar as pessoas mais humildes, como eu mesmo, que venho de família simples”, entoa Zé Eliton, repisando a oratória da populista mais famosa da América Latina.

 

Em pleno século 21, em um país que nunca aceitou o populismo escancarado, o governador repete todo dia que adotou “a política do bem” e anuncia aos quatro ventos “se sentir feliz com a oportunidade de ajudar os mais humildes”, dessa forma apresentando-se como um novo “pai dos pobres” em Goiás – em uma tentativa de subir um degrau acima dos políticos tradicionais e se transformar em benemérito das pessoas carentes.

 

É algo que nunca se viu antes na política estadual.