Governo do Estado deixou de planejar Goiás ao contratar consultorias privadas, caríssimas, que produziram uma acachapante queda nos índices de competitividade da economia goiana
A experiência brasileira de planejamento estatal apresenta casos bem sucedidos, a exemplo do Plano de Metas do governo JK, que lançou mão do instrumental do planejamento, técnica então recém-introduzida no país, para sintetizar a sua proposta política de desenvolvimento industrial acelerado.
O II PNDE, elaborado sob a orientação do Ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Veloso, foi a mais ampla e articulada experiência brasileira de planejamento após o Plano de Metas. Em Goiás, o Plano MB representa a única, e bem sucedida, iniciativa desta natureza.
O que têm em comum o Plano de Metas (governo civil), II PND (governo militar) e o Plano MB (governo estadual)?
Todos, independentemente de regime ou esfera de governo, foram formulados por pesquisadores e equipes técnicas altamente qualificadas e, principalmente, sob a batuta de órgãos governamentais e, por isso, com uma visão macroeconômica, como convém a um bom plano econômico. Em Goiás, o que se vê nos últimos tempos é a soberba dos consultores privados, desalinhados e descomprometidos com o desenvolvimento econômico e social, formulando uma miríade de ações quase sempre desconexas e, o que é pior, sem apontar as fontes de recursos.
E, como agravante, a custos nada amistosos. A pauta microeconômica sobrepôs-se à macroeconômica, resultando em peças orçamentárias fragmentadas e inexequíveis. Foi feita uma péssima escolha: os técnicos competentes e desinteressados cederam lugar aos “espadachins mercenários da apologética”. É lamentável que Goiás, ao contrário dos Estados mais avançados do país, abra mão de novos instrumentos de planejamento, como a programação linear, os modelos econométricos, as matrizes insumo-produto, etc.
Por tudo isso, não é de se estranhar a acachapante queda nos índices de competitividade da economia goiana. Estávamos em 10º lugar em 2015, caímos para 13º em 2017.(Mauro Faiad, economista)