Questionar os estranhos empréstimos de R$ 604 milhões da Caixa ao governo de Goiás, às vésperas da eleição e em final de mandato, não é trabalhar contra o Estado, é apenas exercer o direito de fiscalização
O governo de Goiás está ultimando tratativas para arrumar dinheiro emprestado com a Caixa Federal. São dois contratos, um de R$ 94 milhões e outro de R$ 510 milhões, totalizando R$ 604 milhões.
Esse dinheiro iria para novas obras. Mas, como? Em final de mandato e com uma série de restrições impostas pela legislação eleitoral, às vésperas das eleições? Ou os recursos seriam na verdade para viabilizar o pagamento de obras antigas?
Não à toa, Ronaldo Caiado questionou no Senado os empréstimos, argumentado que são irregulares, pois o banco receberia como garantia cotas do Fundo de Participação dos Estados (FPE), o que, diz ele, é proibido. O artigo 167 da Constituição trata do assunto. Caiado também argumenta que Goiás tem nota C no ranking de capacidade de pagamento (CAPAG) do Tesouro Nacional.
O senador quer esclarecimentos. E isso não é “trabalhar contra Goiás”, como reclamou o governador Zé Eliton. Na verdade, é obrigação de todo homem público sério e responsável, ainda mais em meio a informações de que as finanças do Estado não vão bem. É apenas o exercício do direito de fiscalização. Ainda mais no caso de quem é senador e candidato a governador em 1º lugar nas pesquisas.
Que esses empréstimos, nessa época, são estranhos, isso são. Muito mesmo.