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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 jul

Discurso destrambelhado de Kajuru pode agradar seu público nas redes sociais, mas representa um risco enorme para a candidatura de Caiado se for mal recebido pelo eleitorado – e vai ser

A estreia oficial do candidato ao Senado Jorge Kajuru na campanha de Ronaldo Caiado deu-se no último sábado, em um evento com mais de mil pessoas de Catalão. E foi preocupante.

 

Kajuru fez um discurso que misturou agressividade extrema com desvario, de cara com uma defesa sem pé nem cabeça da “loucura” – que seria “a única coisa que torna a vida suportável”.

 

Aos gritos, afirmou que “eu sou louco demais” e passou a atacar com violência o ex-governador Marconi Perillo: “Sou louco, mas não sou ratão”. E despejou mais uma dúzia de adjetivos para o tucano, dentre os quais “pilantra” foi o mais leve, além de denunciar Marconi como “um ex-auxiliar de garçom pobre e sem herança que foi apontado como o 6º governador mais rico do Brasil”.

 

Nas pausas, Kajuru aguardava os aplausos que não vinham. O falatório foi recebido friamente, indicando que talvez possa estar correta uma assertiva vigente entre marqueteiros de pleitos majoritários, segundo a qual discurso de ódio não ganha eleição, jamais.

 

A maioria esmagadora do eleitorado não consegue entender o que é ou para que serve o Senado. Mas sabe que se trata de um lugar para políticos experimentados e amadurecidos – uma casa para abrigar, por exemplo, ex-governadores, onde eles utilizariam os conhecimentos adquiridos. Kajuru não veste esse figurino de equilíbrio e responsabilidade e, pelo jeito, não está interessado em mostrar na campanha que ganhou algum juízo. Enquanto só ele for atingido por essa insanidade, não há problemas. Mas se isso derramar pelas bordas e atingir a candidatura de Caiado, aí a história será diferente.