Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

01 jul

Euforia com a candidatura à reeleição de Iris é a mesma de 1998, quando ele disputou o governo como o maior tocador de obras da história de Golás, tinha mais de 70% nas pesquisas e acabou derrotado

O prefeito Iris Rezende e os áulicos que o cercam vivem um momento de euforia com a hipótese de uma candidatura à reeleição, no ano que vem, enxergada como um passeio diante do volume de recursos disponíveis na prefeitura e da extensa programação de obras que está em andamento para entrega nos próximos meses. O próprio Iris, fazendo um jogo que é filme visto, encena a sua tradicional coreografia de épocas pré-eleitorais, quando diz que não quer, que não é candidato – para, daqui a pouco, repisar que é escravo do povo, a quem deve tudo o que obteve da política e que não poderá se furtar ao sacrifício para o qual estaria sendo “convocado”.

 

Pois bem: Iris e os iristas deveriam se lembrar de 1998, quando ele executou esse mesmo movimento e se candidatou ao governo, apresentando-se como o maior tocador de obras da história de Goiás – e realmente o era. Nas primeiras pesquisas, esbanjou mais de 70% das intenções de votos, a ponto do seu irmão, Otoniel Machado, seu braço direito naquele momento, chegar a cogitar de evitar os gastos com o programa eleitoral no rádio e na televisão, por enxergar a absoluta desnecessidade de perder tempo tentando convencer o eleitor goiano do que ele já estaria convencido. E o candidato a senador na chapa de Iris, o ex-governador Maguito Vilela, ousou até vetar uma articulação que levaria a uma composição com a oposição, argumentando que o então MDB tinha força suficiente para “esmagar essa turma como a uma barata”, fazendo o gesto com o pé no chão.

 

Sobreveio uma catástrofe. O homem que havia construído a maior parte da infraestrutura de Goiás e ganhou até projeção nacional como ministro da Agricultura (o “ministro das supersafras”) acabou derrotado, por uma pequena diferença no 1º turno, mas um massacre no 2º, diante de um desconhecido que jamais havia exercido cargos executivos e só tinha como realização a reforma de igrejas históricas nos municípios com emendas orçamentárias apresentadas como deputado federal. Era Marconi Perillo, que ali iniciativa uma carreira de vitórias sucessivas de 20 anos, sendo duas, inclusive, sobre o mesmo Iris – digamos assim, transformado em freguês de carteirinha do jovem tucano, como se diz em linguagem popular.

 

Obras, portanto, não garantem a resposta positiva do eleitor. Iris e seus camaradas deveriam saber disso, assim como Marconi Perillo também esqueceu a lição de 1998 ao apostar na eleição do ano passado na gratidão a que os goianos seriam obrigados com políticos realizadores. Marconi repetiu o caso do velho cacique emedebista, ganhou uma surra nas urnas e perdeu o Senado para candidatos sem maiores antecedentes políticos como Jorge Kajuru e Vanderlan Cardoso, até então menores do que ele.

 

Lembrai-vos de 1998, é a sentença que deveria estar na cabeça de Iris e dos seus apaixonados seguidores. Só obras, que falam para o passado, não atendem as expectativas de futuro da sociedade.