Tempo e energia que Caiado gastou com sermão em missa no Muquém, bateboca com Marconi e viajando à toa com o presidente seriam melhor aproveitados com trabalho duro para Goiás
A agenda da semana passada do governador Ronaldo Caiado foi completamente improdutiva, em se tratando do compromisso que assumiu, ao ser eleito: em poucas palavras, trabalhar duro para resolver os problemas de Goiás. Que, como se sabe, são muitos e continuam sem perspectiva de solução, mesmo com o novo governo completando oito meses desde que foi empossado.
Em uma atitude que bateu recorde de inconveniência, seja para as suas responsabilidades como maior autoridade estadual, seja pelo local escolhido (uma celebração religiosa), seja pelo assunto (mais uma vez, a denúncia sem documentos de corrupção supostamente havida no passado em Goiás), Caiado meteu-se em um bateboca com o ex-governador Marconi Perillo, ao, mesmo sem citar o seu nome, fazer acusações contra ele durante um inusitado sermão no púlpito da missa final da Romaria de Muquém. Bateboca porque Marconi, percebendo a oportunidade, quebrou a sua rotina de silêncio para um revide muito, mas muito agressivo – em que, gostem ou não os caiadistas, tocou em feridas reais hoje sangram a imagem do governador. A apatia administrativa, por exemplo. Ou a falta de resposta para o desejo de mudança que embalou a sua campanha vitoriosa, ainda mais quando a gestão, pelo menos até agora, é uma espécie de mais do mesmo que sempre se viu no Estado.
Quem fala o que quer, ouve o que não quer. Apesar dos exageros – chamou Caiado de “canalha” -, a reação de Marconi funcionou como uma espécie de alerta para a população, ao sintetizar os pontos que estão levando a uma frustração com o novo governo e simbolizando uma espécie de aviso: “O rei está nu”. E tanto está que, faltando quatro meses para completar o seu primeiro ano de poder, o “rei” segue com um discurso de palanque, repetitivo, cansativo, que incomoda na medida em parece ter a intenção de ocultar a falta de um rumo seguro ou a ausência de uma discussão inteligente sobre as alternativas a adotar. Uma curiosidade: ao comentar o falatório de Muquém, o apresentador da Rádio Sagres Rubens Salomão, observou que só faltou fechar a prédica de Caiado com o seu jingle de campanha (aquele, “a fila andou/o povo pede Caiado governador).
Tudo de uma inutilidade sem tamanho. Para completar o desperdício da semana do governador, ele aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para passar dois dias viajando pelo Brasil, perdendo tempo com futtilidades como uma formatura de oficiais do Exército na Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio, e um rodeio em Barretos – nada, enfim, que sequer remotamente pudesse representar algum benefício para Goiás. além de festa e oba oba. Os desafios que realmente importam às goianas e aos goianos, durante todo esses longos dias, ficaram em segundo, terceiro ou quarto lugar. Caiado não é candidato. Nem deputado ou senador. É governador e precisa mostrar logo por que isso pode ser bom para Goiás.