Lincoln Tejota, oito meses depois de empossado como vice-governador, mostra que é menor que o cargo e não consegue nem mesmo um partido político para respaldar o seu nome
É ótima pessoa. Agradável, educado e, digamos assim, muito jeitoso. Mas, politicamente, está próximo de um fiasco, mesmo incrivelmente ocupando o segundo cargo mais importante da hierarquia do Estado. Isso porque, no final das contas, ele é menor que o posto. Estamos falando do vice-governador Lincoln Tejota, metido em uma confusão, nesta semana, por ter demitido 10 funcionários da sua equipe de comunicação – número exagerado que já configura um pequeno escândalo.
Vamos lá: Ronaldo Caiado é maior do que o cargo de governador que ocupa. Marconi Perillo também era. Zé Eliton foi um vice do tamanho da função, nem mais nem menos. Mas Lincoln Tejota, não. Ele entrou por acidente na chapa de Caiado, depois que a primeira dama Gracinha Caiado vetou a deputada federal Flávia Morais. Normal. Isso acontece em política. Competiria ao Tejotinha, como costuma ser pejorativamente chamado em alusão à presença superior do seu pai, o conselheiro do TCE Sebastião Tejota, ascender ao nível em que as forças do destino o colocaram.
Até agora, oito meses depois de empossado e quase um ano após a eleição, ele não conseguiu. Recebe um embaixador, um dia. Dá entrevista enaltecendo as ações de Caiado, outro dia. No intervalo, comanda um programa chamado Goiás de Resultados, cópia mal feita de experiências anteriores dos governos de Marconi, supostamente com a intenção de acompanhar o desempenho de cada secretaria e órgão. O problema é que ninguém, tanto no governo Caiado quanto em qualquer outro, dá bola para o vice. Uns, para evitar afrontar o titular da gestão. Outros, por não enxergar nenhuma importância nessa figura hierárquica teoricamente insigne, mas de fato… geralmente nula.
Para complicar as coisas para Lincoln Tejota, Caiado não toma conhecimento da sua existência. Para abrigar amigos e apaniguados além dos quadros do seu gabinete, o vice foi obrigado a recorrer ao presidente da Assembleia Lissauer Vieira. Um dia depois da eleição de Lissauer, Lincoln Tejota o visitou. A sua turma foi nomeada lá. Talvez por isso, grande parte do tempo do vice governador, diariamente, venha sendo gasto com reclamações e lamúrias sobre a falta de atenção do governador.
A demissão da equipe da assustadoramente numerosa equipe de comunicação da vice-governadoria, em massa, tem a ver com o insucesso em ocupar um espaço de respeito e credibilidade, missão quase impossível. Lincoln Tejota não tem sequer um partido político e fantasticamente não há nenhum interessado no seu passe. Ele é pequeno. Dizem que, para resolver qualquer assunto, há três instâncias antes de se chegar até a sua decisão: o seu pai, a sua mulher, a vereadora Priscila Tejota, e o seu cunhado Deusdetith Vaz, médico que sempre ocupou funções no Estado por sua indicação e agora está na vice-governadoria como coordenador. Em um círculo familiar tão fechado assim, é difícil que se chegue a algum resultado produtivo.
Normalmente, um vice-governador é candidato natural à sucessão, caso o governador não possa concorrer ou não o queira. No caso de Lincoln Tejota, jamais. Se qualquer situação resultasse no afastamento de Caiado da reeleição, ele não teria a menor condição de ser candidato – por nada representar, nem ao menos um partideco nanico ou algo parecido. Voltando ao início desse texto: trata-se de uma boa pessoa. Mas isso, em política, é muito pouco.