Temor do fortalecimento da base de Caiado (com a consequente ameaça à reeleição de Lissauer Vieira) está por trás da antecipação em mais de um ano da escolha do próximo presidente da Assembleia

Se há um instituto que é sempre prejudicial para a boa política, é a reeleição. No Brasil, começou com a ânsia do então presidente Fernando Henrique Cardoso em garantir mais um mandato, dando partida a uma longa sequência de aberrações – o que se vê, agora, mais uma vez, na manobra da Assembleia para antecipar para o final deste ano a eleição do próximo presidente do Poder, na verdade apenas um triste e lamentável casuísmo para assegurar mais dois anos para Lissauer Vieira na presidência.
Na prática, a antecipação para o fim deste ano da escolha do presidente que dirigirá a Assembleia entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2023 busca evitar que o fortalecimento da base de apoio ao governador Ronaldo Caiado entre os deputados estaduais cresça a ponto de ameaçar a reeleição de Lissauer Vieira. Um primeiro contorcionismo já ocorreu, com a aprovação da emenda constitucional do deputado Virmondes Cruvinel que permitiu a recondução do presidente dentro da mesma Legislatura. Antes, isso só era possível de uma Legislatura para outra. Esse foi o primeiro casuísmo. O outro, muito pior, é a antecipação da eleição para o próximo mês de dezembro. quando se dão as sessões finais do ano e a pauta é atropelada por projetos urgentes encaminhados pelo Executivo para apreciação antes do início do recesso parlamentar. Isso acontece sempre e cria a oportunidade ideal para enfiar no meio as articulações e providências para legalizar e adiantar a eleição do próximo presidente, na tentativa de reduzir o impacto negativo na opinião pública. Sem falar na crença, entre os políticos, de que no final do ano a atenção da sociedade é desviada pelas festas, Natal e a iminência das férias.
Com a base de apoio a Caiado consolidada e, pior ainda para Lissauer Vieira, em crescimento, podendo chegar a 34 deputados, como se especula, seria inevitável que, realizando-se a eleição no seu prazo normal, que é o segundo semestre do ano que vem, surgisse a hipótese de ascensão de um outro deputado – mais afinado com o Palácio das Esmeraldas. Essa possibilidade já está com a sua semente plantada através do deputado Iso Moreira(foto acima), que lidera um grupo em torno de 10 parlamentares cada vez mais próximo do governador, de onde pode sair o próximo presidente que não a continuidade de Lissauer Vieira. Ninguém admite nada, mas há uma tensão no ar e não há dúvidas de que esse (o grupo de Iso) é um dos caminhos em cogitação para a Assembleia para derrubar a hegemonia de Lissauer Vieira e seus aliados.