Obra milionária (a maior de Goiás, no momento) de construção do palácio da Assembleia vai manchar e não engradecer Lissauer Vieira, pela inoportunidade em um momento de dificuldades financeiras do Estado
Converse com um deputado estadual, qualquer um, leitora e leitor, e você constatará um grande entusiasmo com a construção do palácio que sediará a Assembleia, no Park Lozandes, orçada em inacreditáveis R$ 122 milhões, em um momento de crise financeira em que o Estado deixado pelos governos passados vive um total desequilíbrio entre receita e despesas.
Mais: o presidente Lissauer Vieira, em sua simplicidade de político interiorano, sente-se como uma espécie de responsável pelo resgate da importância do Poder Legislativo, ao retomar uma obra que já tem 20 anos de idade e pouco avançou além das fundações de um esqueleto feioso, ao custo de mais de R$ 20 milhões torrados até agora.
Lissauer e seus colegas deputados estão muito, mas muito enganados. A opinião pública não vai digerir um investimento de milhões em uma edificação faraônica, quando há prioridades muito mais cruciais em termos de políticas públicas. Aliás, a Assembleia foi imprensada contra a parede quando a secretária da Economia Cristiane Schmidt, que não tem a obrigação de fazer mesuras ou dobrar os joelhos para ninguém, condenou a fome da Assembleia por mais dinheiro para gastar com uma verdadeira pirâmide do Egito, ou seja, uma obra que não tem nada de positivo para reverter para a sociedade. “A sociedade deveria discutir se quer a sede da Alego ou o investimento em outras prioridades de interesse da população”, disse a economista carioca, ao puxar a orelha dos deputados.
Em resposta a Cristiane Schmidt, a saída encontrada por Lissauer e os deputados foi escalar Henrique Arantes para agredir a secretária, sem discutir os seus argumentos. E a obra da nova sede prossegue, desafiando o bom senso e a escala de prioridades da população quanto as suas verdadeiras demandas. Se quer entrar para a história como o responsável pelo palácio legislativo, Lissauer com certeza conseguirá, mas… como uma mancha.