Viagens ao exterior, pagas com dinheiro público, nunca renderam nada para Goiás e deveriam ser proibidas em todos os níveis de governo – os 3 Poderes, prefeituras, Ministério Público e Tribunais de Contas
Não adianta espernear, justificar, explicar, produzir relatórios ou escrever artigos com uma suposta prestação de contas e publicar na imprensa: viagens ao exterior de funcionários públicos de qualquer escalão ou de quem quer que seja, custeadas como recursos públicos, nunca renderam nada para a população goiana – não importa de onde saia o feliz passageiro, se dos Poderes Constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) ou então dos seus braços autônomos, tipo o Ministério Público Estadual e os Tribunais de Contas, ou ainda das prefeituras municipais.
É possível que, em raríssimas ocasiões, se encontre alguma motivação fundada. Mas nem este blog nem a leitora e o leitor são capazes de lembrar de uma dessas situações. Digamos, assinar um contrato de financiamento ou de destinação de investimentos a Goiás. Haveria alguma lógica. Só que isso nunca acontece. O prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha estava há poucos dias na China, uma viagem que nem todo turista apaixonado encara, devido aos seus custos elevadíssimos. A secretária estadual de Educação foi ao Chile, para um seminário sobre Educação, cuja importância para Goiás ninguém saberá jamais. Promotores e procuradores recebem salários e ajudas de custo, por dois anos, para fazer cursos de pós-graduação na Europa, sob qualquer circunstância de utilidade apenas pessoal. O ex-governador Marconi Perillo, em três mandatos, deu a volta ao mundo em 33 viagens, não incluído os périplos – e foram muitos – do seu primeiro governo, por falta de dados arquivados no portal de transparência do Estado. O deputado estadual Vinicius Cirqueira, do PROS, foi para Nápoles, na Itália, representando a Assembleia em uma competição mundial de Taekwondo, uma modalidade de artes marciais da qual ele próprio é adepto nas horas vagas. A primeira dama Gracinha Caiado, diante das agruras com o susto médico que levou o marido governador a uma internação hospitalar, felizmente bem sucedida, livrou-se do desgaste de uma excursão a Roma para participar de uma reunião da FAO, organismo das Nações Unidas, e da canonização da primeira santa brasileira, Irmã Dulce. O jornal O Popular teve uma editora processada pelo Ministério Público para devolver a verba recebida para acompanhar um governador Marconi Perillo e uma numerosa comitiva a Paris e Roma – nesta última cidade para… visitar o papa.
Nada disso tem sentido. Essas viagens, por ano, no conjunto, devem somar centenas de milhares de reais. Assessores privilegiados vão junto e inflam os gastos. Ninguém paga nada do próprio bolso. Para Goiás não há nem haverá retorno em tempo algum. Afinal, trata-se de um ente subnacional, sem nenhuma repercussão ou conhecimento mundial. Isso não dá direito a que o Estado se sente à mesa da globalização nem muito menos desperta interesse em outros países. É uma prática que precisa… acabar, através de uma proibição inscrita – não é exagero – na Constituição Estadual. Só isso.