Candidatura de Francisco Jr. não tem qualquer atributo para levar o eleitor goianiense a trocar um Iris Rezende que faz a melhor gestão da sua vida por uma aventura sem sal e sem pegada
Com uma decisão de marketing errada, ao assumir propositalmente um erro de grafia no nome do projeto que passará a desenvolver a título de fazer campanha (o “Chis da Questão”, com chis, e não xis, resumindo as primeiras letras de “cidade humana, inteligente e sustentável”), o deputado federal Francisco Jr. abriu a temporada eleitoral de 2020, quando será escolhido nas urnas o novo prefeito de Goiânia.
Francisco Jr. é o que, antigamente, se chamaria de gentleman. Educado ao extremo, de fala lenta e pausada, moderado em todos os sentidos, ele tem uma carreira bem sucedida política, passando sempre com vitórias significativas pela Câmara de Vereadores, Assembleia e agora Câmara dos Deputados. É da sacristia até debaixo d’água, o que significa dizer que parte expressiva da sua base eleitoral está na Igreja Católica em Goiás. Tudo isso contribui para formar um perfil conciliador, pacato, cortês e eticamente em paz. Mas também pendura nele algumas atributos que o tornam um candidato sem sal, sem pegada e sem motor, conforme as críticas que recebe até mesmo dos seus apoiadores mais apaixonados. Digamos que não seriam peculiaridades capazes de transmitir confiança quanto a alguém que pretende se meter em uma batalha eleitoral pesada e às vezes sangrenta como a eleição para prefeito de Goiânia.
Vejam só, leitora e leitor, como é Francisco Jr.: quando decidiu deixar o MDB, onde começou, e se transferir para o PSD, por enxergar na sigla um “partido de homens sensatos” (alusão certeira ao presidente estadual Vilmar Rocha), ele assinou a ficha de filiação em concorrido almoço em uma churrascaria da cidade. Lá pelo meio do discurso que fez na ocasião, abriu um parênteses para pedir que todos se dessem as mãos e rezassem um Pai Nosso… em louvor do maior líder emedebista em Goiás, Iris Rezende. Foi uma surpresa geral, mas o então deputado estadual puxou com força e a oração foi um sucesso.
No discurso que fez ao lançar o “Chis da Questão”, deu para perceber que Francisco Jr. se esforçou para assumir um tom mais contundente em relação a Iris, que, chegou a dizer, estaria tocando um governo sem planejamento em Goiânia. Se o velho cacique vier mesmo a disputar a reeleição – e não há por quê não crer que o fará -, esse tipo de avaliação é igual a nada. Talvez uma espetada de alfinete, que não incomoda e não gera consequências. Com planejamento ou sem, o fato é que Iris faz a melhor administração da sua vida, completa em todos os sentidos. Tem obras a granel, quase todas de impacto, paga em dia e dá aumentos para o funcionalismo, eleva a arrecadação da prefeitura ano após ano, pagou as dívidas e conquistou a Nota B do Tesouro Nacional (reservada a poucos), atende bem na área de saúde e, além de manter as ruas limpas, está iniciando o maior programa de recuperação asfáltica da história de Goiânia. Mais do que em todas as vezes em que cuidou da capital, é o gerente com que os goianienses sempre sonharam. Mudar e arriscar uma novidade soa como muito, mas muito improvável na eleição do ano que vem. Menos ainda no caso de Francisco Jr.. Ele é bom, mas já está no lugar que merece como deputado federal.