Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

21 dez

Deputados que votaram contra a atualização da previdência e das regras para os servidores estaduais acham que representam o funcionalismo, mas nenhum deles foi eleito pelo segmento

O funcionalismo público do Estado é um contigente de 135 mil pessoas, entre ativos e inativos (meio a meio), esparramado por todos os municípios e com uma concentração na capital, mas formado pelas mais diferentes profissões e características sociais – de forma que, caso submetido a critérios científicos, não poderia jamais ser classificado como uma classe ou sequer uma categoria homogênea.

Tanto isso é verdade que nenhum deputado, talvez com uma única exceção, pode comprovar ter sido eleito com os votos dos servidores estaduais. Vários desses parlamentares, acreditando nessa ilusão, votaram contra a reforma da previdência e contra a extinção de privilégios ultrapassados como o quiquênio ou a licença-prêmio, na esperança de agradar as bases que imaginam ter. Mas é só examinar o mapa de votação de políticos como Virmondes Cruvinel ou Delegado Humberto Teófilo para constatar que foram eleitos por colégios eleitorais específicos, nos municípios, e não por votos espalhados pelo Estado inteiro obedcecendo a distribuição geográfica do funcionalismo.

(O deputado Major Araújo é uma exceção clara a esse raciocínio, vez que recebeu apoio de todas as regiões do Estado, confirmando a sua ligação umbilical com a tropa da Polícia Militar, elegendo-se pela 3ª vez sem contar com prefeitos ou lideranças da política tradicional seja na capital seja no interior).

A deputada Adriana Accorsi é um caso exemplar:  é delegada de polícia, mas não tem grande ressonância dentro da sua área profissional. Na verdade, ela é produto do que restou dos bolsões petistas em Goiás, que nunca conseguiram eleger mais do que dois deputados estaduais, e do fato de ser uma das poucas mulheres de expressão atuando no cenário institucional do Estado, em razão do seu inegável conteúdo intelectual e preparo político. Ela votou contra as reformas, quando, se tivesse liberdade partidária e coragem para assumir a visão moderna do mundo que tem, este blog aposta que votaria a favor – pois está longe de ser atrasada ou aferrada a conceitos antigos.

Nenhum dos deputados que se colocaram contra os projetos mais importantes que já caíram na Assembleia, pelo menos nos últimos tempos, conseguiu dar explicações racionais para o seu voto. Todos apresentaram argumentos emocionais, com frases de efeito e pouca justificação racional. Isso foi e é ruim para Goiás. Uma parte do Legislativo goiano, infelizmente, vive no passado e não sabe onde tem os pés. Vive no equívoco e não tem o que contribuir para construir um futuro melhor para as goianas e os goianos. Tem os que fazem oposição ao que aprovaram nos governos anteriores e tem os que imaginam agradar setores do funcionalismo que não votaram e não vão votar neles, pelo menos não a ponto de garantir suas eleições. É um autoengano. porque servidor público é disperso e não elege ninguém. Azar deles, enfim.