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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

11 set

Goiânia não é Aparecida: discurso improvisado de Maguito para justificar sua candidatura é fraco, não faz justiça à gestão de Iris e se escora apenas no recall do seu nome para atrair o voto do eleitor

Alguns dizem que foram surpreendidos. Outros, que já sabiam. A apresentação que Maguito Vilela fez do seu próprio nome para disputar a eleição em Goiânia como candidato do MDB, em substituição a uma potência estelar como Iris Rezende, foi fraca, inconvincente, mostrou a título de propostas um apanhado do que os demais candidatos disseram até agora – dando a nítida impressão de que até mesmo não sabia com exatidão sobre o que estava falando ao empregar termos como “modernização”, “tecnologia” e “cidade digital”. Foi pura e vazia improvisação, que o candidato ostensivamente inventou na hora.

Goiânia não é Aparecida. Lá, Maguito ganhou duas vezes a prefeitura com o forte recall do seu nome – ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-vice-governador, ex-governador e (ufa) ex-senador, ex-tudo, enfim. Lá, ele era uma dividande que descia dos mais elevados céus da política para aceitar a humilde função de administrar uma cidade coalhada de problemas graves, a maioria dos quais persistem até hoje mesmo depois dos seus oito anos e dos quatro do sucessor, Gustavo Mendanha, que elegeu ao seu belprazer. Se fosse possível, teria conquistado um terceiro mandato e até outros mais, só com a lembrança da força do seu nome em um colégio eleitoral de pessoas simples e despojadas.

Aqui na capital, não. Aqui, as goianienses e os goianienses estão acostumados com Iris, vêm de uma experiencia eleitoral recente em que consagraram Ronaldo Caiado e seguem aprovando com índices elevados tanto um quanto o outro. De resto, Maguito é historicamente desconhecido em Goiânia, não tem referências para a sua população, não é evocado por realizar obras importantes, aliás, nem aqui nem em parte alguma. E nunca é demais lembrar que ele tem um rol extensos de processos por improbidade, foi o governador que botou fora a Usina de Cachoeira Dourada e, se é que tem alguma luz própria, dela está abrindo mão ao gastar metade do tempo em que usa a palavra para cantar loas a Iris, sem o menor conteúdo ou significado além do mais rasteiro puxa-saquismo.

Maguito fará 72 anos em janeiro. Respeitosamente, pode-se dizer que aparenta ser um papagaio velho talvez incapaz de aprender palavras novas. Ou apto para repetí-las sem saber a que se referem exatamente. Com o discurso, entendido discurso como um conjunto de ideias, que mostrou ao lançar a sua candidatura, tem bala para se eleger vereador mais votado, provavelmente, jamais prefeito de uma cidade onde os moradores estão cansados da política tradicional e só desejam que as suas vidas sejam facilitadas e não atrapalhadas pelo poder municipal. Se não mudar, e rápido, a derrota é certa.