O desafio de Maguito, para consolidar o seu nome em Goiânia, é passar agora pelas impugnações que vão questionar a sua candidatura, com base em mais de 20 ações na Justiça e em contas indeferidas no TCM
O candidato do MDB a prefeito de Goiânia Maguito Vilela perdeu, logo no início, o 1º round da luta pelo troféu de vencedor das eleições municipais no principal colégio eleitoral do Estado – ao ser superado nas articulações partidárias pelo concorrente Vanderlan Cardoso, hoje detentor da pole-position na corrida pelo Paço Municipal. Agora, vem o 2º round, que envolve o registro das candidaturas no Tribunal Regional Eleitoral, para o que nenhum postulante pode ter condenações em 2º Grau, proferidas por colegiado de juízes, ou contas indeferidas no Tribunal de Contas dos Municípios.
Isso significa que complicações à vista no horizonte político de Maguito. As candidaturas podem ser impugnadas tanto pelos partidos políticos adversários quanto pelo Ministério Público Eleitoral. Este último, aliás, tem até a obrigação legal de contestar os pedidos de registro. Fácil, portanto, prever que quem tem processos judiciais em estágio avançado ou problemas com as prestações de contas de gestões anteriores fatalmente vai passar por aborrecimentos, para dizer o mínimo.
O ex-vereador de Jataí, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-vice-governador, ex-governador, ex-senador e (ufa!) ex-prefeito de Aparecida não desfruta de uma situação jurídica confortável e tem uma ficha salpicada de zonas cinzentas, acumuladas ao longo de uma carreira que levaria qualquer político a pedir a aposentadoria, porém, no caso de Maguito, é apresentada como apanágio para a pretensão de administrar Goiânia. Ele tem processos na Justiça Federal, onde foi denunciado pelo Ministério Público Federal por usar verbas do seu gabinete de senador para custear material eleitoral. Responde a mais de 20 denúncias do Ministério Público Estadual por atos de improbidade administrativa praticados na condição de prefeito de Aparecida. E ainda enfrenta contratempos no TCM, onde suas contas – também relacionadas com Aparecida – geram em alguns pontos dúvidas entre os conselheiros.
São metros e metros de papel e links de internet, de onde pode sair o tiro na testa capaz de matar a candidatura de Maguito em Goiânia. Principalmente nos autos que já passaram pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, como se sabe órgão de 2ª Instância, onde foram proferidas pelo menos duas condenações – a que o ex-tudo recorreu. A Lei da Ficha Limpa, no entanto, desconsidera quaisquer apelações ao determinar que basta uma sentença proferida por colegiado de magistrados, acima de três, em 2º Grau, para que o registro de um candidato seja rejeitado. Foi, por exemplo, o que aconteceu com Lula, tornado inelegível após ser condenado pelo Tribunal Federal de Recursos de Porto Alegre, mesmo tendo recorrido.
Pelo crivo da impugnação, Maguito vai passar e pode vencer ou não, resolvendo de qualquer forma uma dúvida que pende sobre a sua cabeça desde quando encerrou o mandato de prefeito de Aparecida. Em 2018, ele saiu como candidato a 1º suplente de Vanderlan Cardoso, sob a alegação de fortalecer a chapa do filho Daniel Vilela a governador, para em seguida desistir assim que começaram as especulações sobre o seu nome e a ameaça da Lei da Ficha Limpa. Mas agora, dentro do prazo de 30 ou 40 dias que vêm por aí, chegará a hora da verdade.