Série de erros e trapalhadas de Maguito afastam Iris da sua campanha e mostram o candidato do MDB como um articulador desajeitado e, por incrível que pareça, sem traquejo para a política
Desde que Iris Rezende anunciou a sua aposentadoria e, na sequência, foi rapidamente oficializado como candidato do MDB em Goiânia, o ex-prefeito de Aparecida Maguito Vilela cometeu uma série de erros e trapalhadas, prejudiciais para a sua campanha, e, pior de tudo, tem se revelado um péssimo articulador político, mostrando, por incrível que possa parecer no caso de alguém que tem uma longa carreira e mais de 30 anos de mandatos, uma grande falta de traquejo para navegar entre partidos e lideranças.
Maguito, já na sua primeira manifestação, ao assumir a candidatura, deitou um falatório absolutamente desnecessário sobre a necessidade de modernizar Goiânia, sugerindo, com isso, que o atual prefeito é bom de obras, porém arcaico e ultrapassado quanto ao resto. Faltou pouco para que, na ocasião, isso tivesse sido dito literalmente. Em entrevistas e em postagens nas redes sociais, Maguito prosseguiu repetindo o bordão, ignorando até mesmo uma nota plantada na coluna Giro, em O Popular, avisando que o Paço Municipal não estava recebendo as falas.
Teve mais. Sem necessidade alguma, o candidato do MDB usou o Twitter para criticar políticos que não cumprem seus mandatos na íntegra, garantindo que ele, eleito em Goiânia, administraria a cidade até o último dia. Além de embutir outra crítica a Iris na frase, já que o prefeito tem um currículos de mandatos interrompidos para disputar eleições, Maguito faltou com a verdade em relação a si próprio: em 1998, ele também largou a governadoria com antecedência de nove meses para se candidatar ao Senado.
Querem mais, leitoras e leitores? Pois bem: desde que assumiu a candidatura, Maguito nunca mais procurou Iris, nem mesmo para formalmente pedir bênçãos para a chapa que montou com o vereador republicano Rogério Cruz, meio que ignorando a condição absoluta de santo padroeiro que Iris tem quanto ao MDB. Percebendo a brecha, o governador Ronaldo Caiado agiu rápido e, com Vanderlan Cardoso e Wilder Morais à tiracolo, correu para o Paço Municipal para “apresentar” seus candidatos em Goiânia, seguido por uma farta cobertura dos meios de comunicação e das redes sociais, com direito a fotos, vídeos e postagens interpretando o encontro como um sinal da neutralidade – por óbvio negativa para Maguito – de Iris na eleição em Goiânia.
Maguito, se é que já soube como articular bem em política, parece ter esquecido o que aprendeu. Ele vem de oito anos como prefeito de Aparecida, um ambiente político provinciano de terceira linha, dominado por picuinhas, onde existir uma distância imensa entre ele e a classe política local. Seu filho Daniel Vilela, de longe, é melhor do que ele, embora necessitando enormemente de substituir a impetuosidade da juventude pela maturidade da meia idade de que se aproxima. Não à toa, transformou o MDB goiano em sombra do que já foi um dia, sem nenhum deputado federal e apenas três estaduais, além de um senador – Luiz Carlos do Carmo – que vai apoiar a chapa VW em Goiânia. No final das contas, os dois Vilelas, em especial o pai, estão mostrando cintura dura em um momento delicado, quando se inicia uma campanha curtíssima, sem possibilidade de mobilização do eleitorado e ainda por cima jogando para escanteio o eleitor número um inscrito na capital.