Campanha de Maguito ameaça Vanderlan com recados via coluna Giro, em O Popular, esquecendo-se de que, em matéria de telhado de vidro, o candidato do MDB é imbatível

A campanha do candidato do MDB Maguito Vilela prodigalizou-se em ameaças ao candidato do PSD Vanderlan Cardoso, utilizando como canal a coluna Giro, em O Popular, cujo titular, Caio Salgado, tem trânsito direto com o ex-secretário da Fazenda e marqueteiro Jorcelino Braga, fonte frequente do jornalista. Quase que diariamente, são publicados recados destinados a desestabilizar a campanha de Vanderlan, a exemplo da edição de terça, 6 de outubro, em que o candidato é avisado de que a propaganda de Maguito no rádio e na televisão vai atacar “o histórico de alianças do pessedista e a possibilidade de ele deixar o mandato de senador, iniciado em janeiro do ano passado, caso seja eleito”.
Não tenho procuração para defender Vanderlan, com quem até hoje só estive uma vez e conversei outra por telefone. Ele ignora e trata com olímpico desprezo – no que até agora faz bem – as insinuações, sobre as quais desonestamente não foi sequer ouvido para dar a sua resposta, como manda a boa ética do jornalismo. Pior: a tentativa de intimidar a campanha do PSD, na coluna Giro, dá-se sob o manto covarde do anonimato, como se vê no trecho da nota publicada na terça, 6 de outubro, a seguir: “‘Ele vai ter de dar explicação sobre por que ele era amarelo e azul e agora é verde e branco’, diz um integrante da campanha de Maguito, que completa: ‘Ele também vai ter de explicar o motivo de dizer em 2018 que queria ir para o Senado ajudar os goianos e no segundo ano já pretende largar o mandato'”.
Anotem aí, leitoras e leitores: se Vanderlan tiver que explicar alguma coisa, como pretende arrogantemente “um integrante da campanha de Maguito”, será muito menos importante e menos ainda constrangedor do que as dúvidas e suspeições que pesam sobre o candidato do MDB. Para começar, Maguito já renunciou a mandato, antes do fim, para disputar outro cargo eletivo, como fez quando abandonou o governo do Estado em 1998 para postular e ganhar uma vaga no Senado. Em 2002, como senador, antes de chegar à metade do mandato, candidatou-se novamente a governador, admitindo assim uma nova renúncia, caso tivesse tido a sorte de ser eleito, o que não teve. Está pago, portanto, para calar a boca sobre a atual situação parlamentar de Vanderlan.
Querem mais: para usar a linguagem deseducada do tal “integrante da campanha de Maguito”, poder-se-ia dizer que ele, Maguito, “vai ter que explicar” as duas dezenas de processos por improbidade a que responde na Justiça, todos decorrentes de denúncias do Ministério Público Estadual sobre desvios de recursos na prefeitura de Aparecida. É pouco? Então aqui vai: na lista de gestores municipais com contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios, aparecem mais de 50 auxiliares que serviram a Maguito durante os seus dois mandatos em Aparecida, inclusive sua ex-mulher e primeira-dama local, na época, Carmem Silva Estevão de Oliveira (confiram aqui). Isto é: quase toda a equipe que serviu a Maguito na prefeitura teve a gestão considerada irregular pelo TCM, comprovando que o município passou por tempos de lambança administrativa sem precedentes na sua história.
Explicações por explicações, portanto, o emedebista uma obrigação de prestar contas muito maior que qualquer outro dos 15 concorrentes ao Paço Municipal da capital. Ele corre o risco, inclusive, de ter o registro na Justiça Eleitoral impugnado em razão de controvérsias sobre condenações em 2º instância, no Tribunal de Justiça do Estado, que o tiveram como alvo. Além disso, se, como advertiu o “integrante da campanha de Maguito”, a intenção é metralhar Vanderlan acusando-o de ter sido apoiado pelo então governador Marconi Perillo em 2016, é bom que se verifique no Google a profusão de fotos e matérias mostrando Maguito e Marconi aos beijos de abraços (na foto acima, significativamente há até flores como pano de fundo), com declarações recíprocas de paixonite. Maguito, como prefeito de Aparecida, esteve muito mais próximo do tucano do que Vanderlan na sua campanha passada em Goiânia. Em resumo, lembro um velho e surrado ditado popular que deveria ser considerado pelo “um integrante da equipe de Maguito” que abastece a coluna Giro: quem com ferro fere, com ferro será ferido. E, nesse caso, o dono do maior telhado de vidro, como demonstrado nos parágrafos anteriores, vai ficar com o maior prejuízo.