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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

17 out

Candidato com o currículo de Maguito, quando começa atrás, está condenado a perder a eleição: MDB esperava um passeio em Goiânia, perdeu o rumo e não sabe o que fazer para reagir minimamente

Um candidato com um currículo de quase 40 anos de cargos públicos, de vereador a senador da República, acaba caindo em desvantagem quando se apresenta em uma eleição importante como a de prefeito de Goiânia e não consegue liderar as pesquisas, ao contrário, mostrando-se estagnado em 2º lugar e, piormente, com uma boa diferença de pontos em relação ao colocado em 1º lugar. Tudo isso se torna ainda mais grave quando se relembra que a expectativa inicial era de um passeio, dado ao conhecimento do seu nome e a um suposto pré-convencimento das eleitoras e dos eleitores goianienses, que acabou não acontecendo.

Essa é a situação de Maguito Vilela, hoje, em meio a um clima de desânimo dentro do MDB, causado pela frustração das esperanças iniciais. Como agravante, a sua campanha, definida como “morna” pela coluna Giro, de O Popular, neste sábado, 17 de outubro, não consegue promover nenhuma reação. Um membro proeminente do staff maguitista disse a este jornalista, pelo WhattsApp: “Ainda acredito na eleição do Maguito, mas acho que estamos muito perdidos tanto em estrutura quanto estratégia, o que é muito ruim, pois, em não crescendo, a expectativa de poder diminui e, por consequência, a atração de apoio e votos”.

No rádio, TV e redes sociais, Maguito desenvolve a campanha como se estivesse cumprindo uma etapa necessária antes da posse no Paço Municipal, em um inusitado e injustificado “já ganhou”. Comporta-se como o vencedor, quando está a um passo do abismo. Nos últimos vídeos, passou a recorrer à sua administração como prefeito de Aparecida para fortalecer o seu nome, esquecendo-se de que a exigência de credenciais, para a gestão de Goiânia, é muito mais séria. É um erro que pode enterrar em definitivo as suas poucas chances. Os equívocos se sucedem, como, por exemplo, a tentativa desmoralizante de mostrar um comprometimento do prefeito Iris Rezende ou as propostas descabeladas, como o oferecimento de dinheiro vivo em troca de votos através de um inusitado auxílio emergencial municipal de R$ 300 reais. Isso não funciona. Ou, se funcionar, o faz em pequena escala e traz também como consequência uma visão negativa da maioria da população, que identifica na proposta algum tipo de desespero. De uma ou de outra forma, Maguito não cresce nas pesquisas. Quando isso acontece, como no último levantamento Serpes/O Popular, a contrapartida automática é a ascensão do seu adversário Vanderlan Cardoso, na mesma proporção, anulando o ganho do emedebista.

Há análises que enxergam a transferência para Maguito da antiga ojeriza que a população de Goiânia dedicava ao ex-governador Marconi Perillo, até enterrá-lo nas urnas de 2028. Afinal, ambos são representantes legítimos da “velha política”, carreiristas e políticos profissionais. Vanderlan não carrega os mesmos rótulos, oferecendo para as goianienses e os goianienses a possibilidade de escolher um administrador bem sucedido na iniciativa privada, como o empreendedor, o que o concorrente do MDB nunca foi. Para completar, Maguito ainda se esforça para assumir um discurso, o da modernidade, que não cabe no seu perfil. Há poucos dias, ele confessou publicamente que sequer sabia o que era uma “live” e que só agora, na campanha, aprendeu o que é e “estou gostando muito”. A falta de convicção quando o tema  são “novas tecnologias” e “inovação” salta aos olhos. É nitidamente alguém tocando em um assunto sobre o qual não tem conhecimento ou intimidade.

Não há naturalidade na candidatura de Maguito a prefeito de Goiânia. Não há identidade com a população, com a cidade. O fato de ter vencido duas eleições em Aparecida não soma pontos e, de repente, pode até tirar. Seu programa de televisão, talvez a ferramenta mais poderosa da atual campanha, parece uma camisa de força em que ele foi enfiado como um boneco. De todos os candidatos, é o que menos parece à vontade, até mesmo quando desfila e discursa em carro aberto nos bairros (foto acima). E também começaram a aparecer os buracos negros que conspurcam a sua biografia: no horário do Major Araújo, denúncias a que responde por improbidade administrativa foram mostradas. Um detalhe a mais na lista de problemas da campanha e da candidatura. Talvez até um tiro fatal.