Presença fake de Iris na campanha de Maguito parece piorar as coisas para o MDB em Goiânia, ao tirar a credibilidade de um candidato que inventa um apoio que não tem
Façam suas apostas, senhoras e senhores: o candidato do MDB Maguito Vilela tem chances de se sagrar ganhador da eleição para prefeito de Goiânia sem o apoio de Iris Rezende?
A levar em consideração o esforço de Maguito para mostrar que é a melhor continuidade para Iris no Paço Municipal e que tem ligações históricas com o velho, mas bem sucedido e rejuvenescido no final da carreira, cacique emedebista, a resposta é não. Ou que, pelo menos, o próprio candidato acredita que não vencerá Vanderlan, seu principal adversário, hoje liderando as pesquisas nas quais se pode acreditar, na carência das bênçãos do atual prefeito – que já radicalizou na negativa de se vincular eleitoralmente a Maguito, a ponto de anunciar que sequer vai comparecer às urnas para depositar o seu voto (legalmente, inclusive, é dispensado dessa obrigação por ultrapassar os 70 anos).
Quanto mais Maguito fala em Iris, mais se evidencia a cratera aberta na sua campanha pela indesejada ausência. O jornalista Divino Olávio observou com correção que, “ao insistir em colocar fotos e vídeos antigos, em que aparece ao lado de Iris Rezende, ou deste o elogiando, fica a impressão de que Maguito Vilela não se sente suficientemente seguro para tocar sua campanha na capital sem Iris Rezende a seu lado”. Para remediar e minimizar o golpe, o que o MDB está fazendo em Goiânia é “massificar intensivamente”, como complementou Divino Olávio, “um apoio que simplesmente não existe”.
O que custaria, para Iris, uma palavrinha a favor do seu companheiro de mais de 40 anos de partido? Pelo que se sabe, um preço elevado que ele não quer pagar. Primeiro, passar por cima das lembranças avinagradas de frases ditas aqui e ali por Daniel Vilela, entre 2014 e 2016, quando chamava Iris de arcaico, avaliava ter sido um “grave equívoco” a candidatura a governador contra Marconi Perillo em 2014, sugeria que entrar na disputa pela prefeitura de Goiânia em 2016 contrariava a necessidade de modernização da capital e emendava com mais uma lista interminável de “cobras e lagartos” que o filho de Maguito se esmerava em distribuir sobre o maior nome do MDB, acobertado pelo silêncio obsequioso do pai. Mesmo com Iris vitorioso em 2014, Daniel Vilela foi ao Park Lozandes, logo após a posse, para afrontar Iris ao oferecer uma equipe de técnicos do Ministério do Planejamento que colaboraria com ideias para a introdução de tecnologias indispensáveis, em sua opinião, para introduzir alguma inovação no Paço Municipal, conforme papagaiou à saída do encontro.
Iris dispensou. Mas não esqueceu, vê-se agora. Em 2018, viu sua mulher e candidata a deputada federal Iris Araújo ser traída em Aparecida, com uma sorrateira transferência do prometido apoio do prefeito Gustavo Mendanha para o professor Alcides, do PP, que se elegeu, enquanto dona Iris conhecia a derrota como consequência da falta dos votos compromissados. O acordo rompido havia sido costurado pessoalmente por Maguito, para em seguida ser rompido por Daniel, em conúbio conspiratório. Pelo sim, pelo não, a aposentadoria de Iris e a candidatura de Maguito, no seu lugar, poucos anos depois, trouxeram a oportunidade para o troco.
Qualquer eleitora ou eleitor de Goiânia sabe que, se Iris negou aval, o fez em diante de alguma razão de importância. Ou reagiu às descortesias de Daniel e omissões de Maguito no passado, quanto a sua pessoa, para usar expressões brandas, ou considerou que o seu pretenso sucessor não está qualificado para sê-lo. Essa última hipótese resolve com mais presteza as dúvidas sobre o branco que Iris abriu na cabeça da população ao se recusar a endossar o candidato do seu partido ao seu próprio lugar. Não adianta a enxurrada de imagens e falas com prazo de validade vencido o nas redes sociais e nos programas de rádio e televisão, na tentativa de colocar o prefeito dentro da campanha. Ele não está, não dará um mísero sopro para empurrar Maguito e nem mesmo vai votar. Não poderia ser pior.