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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 out

Nova pesquisa Ibope é ainda mais estranha que a anterior: Maguito, em pouco mais de 2 semanas, teria crescido 8 pontos e agora está em empate técnico com Vanderlan (mas em 1º lugar). É preciso desconfiar

Saiu nesta quarta, 21 de outubro, mais uma rodada da pesquisa Ibope/TV Anhanguera e, tal qual a anterior, divulgada em 3 de outubro, os resultados são para lá de estranhos. O candidato do MDB Maguito Vilela, segundo o levantamento, teria crescido 8 pontos e agora está na liderança, com 1 ponto à frente do candidato do MDB Vanderlan Cardoso: o primeiro agora estaria com 28% e o segundo com 27%, enquanto, pouco mais de duas semanas atrás, na pesquisa anterior do mesmo Ibope, estavam com 20% (Maguito) e 21% (Vanderlan). Isso quer dizer que o empate técnico foi mantido, porém com Maguito assumindo a ponta pela mesma diferença que beneficiava Vanderlan.

É uma mudança aparentemente mínima, em termos aritméticos, só contextualmente drástica, sem fatores objetivos capazes de a justificar. Assim como na pesquisa passada, nesta os índices deduzidos pelo Ibope também divergem de todos os demais institutos em que se pode acreditar (no quesito credibilidade o Serpes e o Grupom são insuperáveis), a menos que Goiânia tenha sido tomada por um clima de entusiasmo pela candidatura de Maguito, o que parece difícil, senão impossível diante das promessas genéricas e do discurso morno que faz pelos seus meios de propaganda e dos desgastes que cercam o seu nome, além do ambiente frio de campanha. É preciso desconfiar. Ainda mais quando o Ibope informa sobre uma redução espetacular da rejeição a Maguito, que estava em 23% conforme os dados de dias atrás e agora caiu surpreendentemente para 16%, lembrando que esse é um item que, na média geral das pesquisas, só costuma subir ou, quando oscila para baixo, o que é raro, desce apenas pouquíssimas casas.

O Ibope tem uma tradição de desacertos e envolvimento com situações suspeitas em Goiás. Pela sua própria marca, já teria perdido em Goiás a consideração que ainda reveste as suas pesquisas, sustentadas, hoje, pelo fato de que elas são produzidas, nesse caso, sob encomenda da Rede Globo, que dá divulgação nacional para todas elas. As afiliadas estaduais também são obrigadas a contratar e pagar o instituto, como acontece agora com a TV Anhanguera – que ainda deve veicular pelo menos mais duas pesquisas da mesma grife até a data da eleição, pelo menos. Uma dúvida que permanece sem esclarecimento: quem executa a coleta de dados para o instituto, em Goiás? Essa operação, como se sabe, é terceirizada pelo Ibope, que nunca revela a quem entrega o trabalho de ouvir os entrevistados, no campo. Seria importantíssimo conhecer esse detalhe, dado que o MDB, mas não só, sempre foi expert em manipulação de pesquisas e conta com profissionaiss pesos-pesados nessa especialidade.

Ainda que os números do Serpes e do Grupom não se alinhem com o Ibope, nem mesmo dentro da margem de erro, um reconhecimento é necessário: Maguito tem aparentado alguma tendência de crescimento, embora Vanderlan também. O que causou espanto foi a rapidez e o volume desse movimento de alta do emedebista, a ponto de superar o representante do PSD, igualmente avançando, conforme o Ibope. Os dois saltaram, realidade que deve ser desanuviada pelas próximas pesquisas do Serpes e do Grupom, previstas para os próximos 10 dias. Será a hora de dissipar o cheiro de podre que está no ar.